Gilberto Kassab pode ser tudo, menos bobo eleitoralmente.
Este é o maior indício de que é procedente a conversa de que ele aceitará a proposta de Márcio França para ser seu suplente na chapa para senador por São Paulo.
Que, com a desistência de José Luiz Datena em concorrer assume ares de franco favoritismo na eleição paulista.
Como candidato a suplente de França numa aliança paulista, Kassab pode apoiar Lula sem comprometer-se com o apoio do PSD ao PT em outros estados e resolve o problema de não ter mandato, concorrendo a deputado federal sem contar, no estado, com uma chapa forte, pois o PSD paulista tem apenas dois deputados federais.
Ainda assim, pelo fato de ter quase 50 deputados na Câmara, o tempo de televisão que agregaria à campanha de Fernando Haddad não seria nada desprezível e pior ainda se o tempo pessedista fosse parar com seus adversários.
E um nada implausível convite para França assumir uma cadeira no ministério de um eventual governo Lula já estaria nas contas da composição com Geraldo Alckmin, como cota do ex-governador. Kassab no Senado também não seria uma pedra desprezível no difícil jogo parlamentar que espera o ex-presidente, se eleito e, de outra parte, também seria credor da vitória presidencial.
Até porque esta história de “apoio o Lula no segundo turno”, se a eleição for resolvida no primeiro, vira a fumaça do “não lhe devo nada”.
A resposta que Márcio França diz esperar do chefe do PSD é, possivelmente, a sobre esta composição e não, como especulam alguns analistas políticos, a de uma vice na chapa de Governador, que França sabe faz tempo que não poderá manter, inclusive e pelo estremecimento que isso lhe traria com Geraldo Alckmin.
Neste caso, com o aval de Lula e Alckmin, porque sabem quanto vale São Paulo para a eleição e para o governo, depois.
Como disse no início, Kassab não é bobo e sabe que um acordo, mesmo na condição de suplente, em que seria considerado um dos cabeças, é melhor que outro em que oferece muito, mas com pouca certeza de ser entregue o prometido.
