O último dia de atividade real do Legislativo – a partir de amanhã todos somem para suas campanhas eleitorais – é um espetáculo dantesco do que se tornou a política brasileira desde que a onda “moralista”começou a retirar do Congresso o peso dos partidos políticos e de seus melhores quadros, entregando seu controle a uma chusma composta por aventureiros e espertalhões que trata seus mandatos como uma oportunidade de negócios, eleitorais ou de outras naturezas.
Na Câmara, o dia já começou com uma inédita sessão com a duração de apenas um minuto, que teve como única utilidade “contar prazo” para que se pudesse vencer um pedido de vistas e votar, na comissão correspondente, a PEC da Compra de Votos e, assim, seguir com o plano de aprová-la ainda hoje, em “dois turnos” (outra formalidade, pois serão seguidos) como deseja o Governo.
Será a vez de Arthur Lira cumprir o mesmo vergonhoso papel que Rodrigo Pacheco desempenhou no Senado, irmãos na vigarice que são.
Mas o Senado ainda tinha mais serviços a prestar à canalhice. E os prestou, aprovando a “encomenda” do Governo que tinha chegado da Câmara e aprovando as mudanças no crédito consignado que permitirá aos bancos devorarem até mesmo a ajuda de emergência aos famintos, este “Auxílio Emergencial” que será aumentado, comprometendo até 40% do seu valor.
Ou seja, permitindo que se confisque, na fonte, quase a metade do que pessoas no último grau de vulnerabilidade recebem para garantir a mera e mísera sobrevivência.
A fase republicana que nasceu com a Constituinte de 1988 está decrépita e agonizante como a República Velha estava há quase um século e isso está levando a mutilar-se definitivamente Constituição do país.
Dependemos da eleição presidencial para que se criem as condições de uma reforma que restaure os princípios representativos e republicanos que, com todas as deficiências, ali foram erigidos e que são agora, por qualquer necessidade eleitoreira, atropelados, enquanto se assiste à derrama bilionária de emendas parlamentares apócrifas. O melhor, assinadas por pessoas que se identificam como “O Assinante”.
Sim, talvez isso seja o mais adequado, pois são gente cujo nome nem merece ficar escrito.