O agente penal Jorge José Guaranho não estava fazendo uma “ronda” casual no clube em que o guarda municipal Marcelo Arruda foi assassinado em sua própria festa de aniversário, apontou o inquérito policial. Ele viu, em outro local, as imagens da festa e a sua ida ao local foi, evidentemente, para atacar – ao menos verbalmente – os participantes do evento. Da mesma forma, foi deliberado o seu retorno ao local, quando disparou contra Marcelo.
Embora, como esperado, a Polícia Civil procurou “passar pano” sobre a natureza política e a premeditação do homicídio, dizendo que não poderia classificar como “político” o crime porque Arruda teria jogado um punhado de terra em Guaranho, isso não resiste às declarações da própria delegada encarregada do caso.
Ora, se como ela disse Guaranho foi agredir a festa de Arruda – a quem não conhecia – por razões políticas, é evidente que toda a discussão que se segue, a ameaça armada e os disparos vem em consequência, tem motivação política.
Como disse a apresentadora Leilane Neubarth, da Globonews, o agente penal não teria ido provocar se o tema da festa fosse “do Mickey”.
Igualmente, a premeditação é claríssima: Guaranho foi em direção a uma festa de desafetos políticos, fez provocações com gritos de “Aqui é Bolsonaro”, mostrou sua arma, prometeu voltar, voltou, abriu portões fechados, aponta a arma e toma a iniciativa de disparar. Se isso não é premeditação. o que seria?
Outra história mal-contadíssima é a do telefone do assassino. Como ele foi colocado em custódia policial ao entrar no hospital, não havia nenhuma razão para seu celular não ser imediatamente apreendido e só entregue dias depois pela sua própria mulher – e apenas com ordem judicial – bloqueado por uma senha não fornecida e que, segundo a delegada, levará 20 dias para ser desbloqueado.
Isso, hoje, não leva mais que minutos ou poucas horas, se a senha for longa, com muitos caracteres.
A delegada, em última instância, está culpando a vítima, que teria feito o assassino teria “se sentido humilhado” pela reação de Marcelo ao jogar-lhe um punhado de terra e saibro de um canteiro. Ora, isso não é “humilhação” suficiente para quem já tinha apontado uma arma para vítima. Ainda mais quando esta pessoa é um agente penitenciário, que está acostumado a reagir sem “humilhação” a hostilidades mais “humilhantes” que vem de presos, por preparação e treinamento profissional.
Se o procurador-geral da República, Augusto Aras, dizia que seria preciso saber se as investigações paranaenses seriam bem conduzidas, aí estão as provas de que não são e que, por isso, devem ser federalizadas.
Até porque, com armações deste tipo, só fazem estimular sua repetição.