Não serão todos, talvez nem a maioria. Mas certamente serão muitos os empresários que, depois do pedido da Polícia Federal, atendido por Alexandre de Moraes, estão pensando em reconsidera o aluguel de ônibus , o envio de carretas e o financiamento de outdoors para o ato político com que Jair Bolsonaro pretende mostrar força ao conspurcar a festa cívica de 7 de Setembro.
Festa que já andava avariada pela situação das pesquisas e pelo vergonhoso episódio dos tanques em Copacabana, já fulminados pelo ridículo.
Bolsonaristas tentam plantar na mídia que a atitude do ministro do STF voltará contra ele todo o empresariado nacional.
Duvi-de-o-dó, porque Moraes está surfando a onda da unanimidade nacional que demonstrou no seu ato de posse e os empresários atingidos estão longe de representar o núcleo duro do PIB, são ricos recentes – parvenus, como dizem os franceses – e pelo menos um deles, Luciano Hang, destes que não se convida para um jantar em casa.
Jair Bolsonaro está sendo praticamente seguro para não “revidar” e furioso como os que o aconselharam a tentar encenar um “paz e amor” com o novo presidente do TSE. Depois da humilhação da posse, assistir os seus bolsobusinessmen serem acordados pela Polícia Federal, receberem uma “batida” em suas casas, terem a contas bloqueadas nos bancos e nas redes sociais e, ainda por cima, verem quebrados seus sigilos bancários é recebido como um ataque ainda maior.
Não é uma surpresa, afinal, pois desde que o repórter Guilherme Amado, do Metrópoles, tinha publicado a existência do grupo empresarial golpista, reproduzindo seus diálogos, ninguém esperava que o assunto não fosse parar no Judiciário. Mas, “gente bem” que são, não pensavam em nada mais que um depoimento, esculpido por advogados, dizendo que era apenas “liberdade de expressão”.
Difícil reclamar para quem, há sete anos, acha que batida policial é momento de comemoração.
A busca em suas casas e em suas contas bancárias sinaliza que a PF tem ao menos indícios de que movimentaram dinheiro ilegalmente para a propaganda política.
Se não causar outros prejuízos a Bolsonaro – e tudo indica que sim – um, ao menos, já está aí: acabou com o plano de repercutir uma vitória que não houve na entrevista ao Jornal Nacional.
Os robôs, humanos ou cibernéticos, estão agora empenhados em defender os empresários golpistas.
Mala suerte.