Quaest repete Ipec e o ‘no news, good news’ para Lula

Inevitável repetir, diante da nova rodada da pesquisa Quaest (mais significativa, porque presencial) o título dos comentários feitos sobre os números divulgados na segunda-feira pelo Ipec, empresa que sucedeu o Ibope.

Porque é visível que toda a agitação que acontece na superfície da política não tem o poder de alterar as águas profundas da formação da consciência da população que, já há tempos, demonstra que as opções eleitorais estão solidificadas e pouquíssimo sujeitas a mudanças bruscas.

A diferença entre Lula e Bolsonaro mantém-se teimosamente igual igual e a possibilidade de vitória em primeiro turno quase sempre oscilando dentro da margem de erro da pesquisa (1% positivo, no Ipec e 1% negativa na Quaest) o que é um nada quando se considera que se trata de uma comparação entre o ex-presidente e todos os adversários somados.

Igualmente, como comentei na pesquisa Ipec, os recortes das pesquisas devem ser avaliados com muita cautela, porque o número total de entrevistas, 2 mil, quando se vai para universos menores, como os regionais, fica sujeito a muitas distorções, o que se reflete em oscilações maiores e dissonantes da tendência global.

De resto, a Quaest confirma, até com mais intensidade que o Ipec, que a falta de credibilidade de Jair Bolsonaro minimiza os efeitos do seu “pacote de bondades”, que é tido como medida de cunho eleitoral por quase dois terços dos eleitores (63%).

O crescimento das opções por Ciro Gomes, igualmente, não devem ser vistos – pelo menos até que se confirmem nas próximas pesquisas – como um sinal de crescimento de sua candidatura, sugerindo que a exposição do binômio Jornal Nacional + debate da Band tenham sido impulsos que ele não deve ter mais, pela dinâmica da campanha.

A partir de agora, os dois principais candidatos terão de fazer suas campanhas serem vistas na rua, para que aumente na percepção pública sua certeza/esperança de vitória, fundamental para recolherem o voto dos demais e o dos indecisos.

Para Bolsonaro, como é evidente, o Sete de Setembro é este momento; para Lula, a militância de rua, até agora subestimada, sem material para que as “formiguinhas” se encarreguem de fazê-la visível sobretudo nas capitais e regiões metropolitanas. Ver campanha na rua não “ganha voto” diretamente, mas amplia a percepção de chances de vitória que, como a pesquisa revela, correspondem à impressão da maioria, pois 54% crêem que a vitória será de Lula (10% a mais que os que admitem que votação nele), enquanto 34% prevêem que Bolsonaro ganhará, apenas 2% a mais que suas intenções de voto.

Os “L” circulando pelas ruas – o que não acontece agora – tem todas as chances de aprofundar esta tendência e, com isso, atraírem o que resta de indecisos para o que a sabedoria popular chama de “não perder o voto”.

Ah, a pesquisa tem margem de erro de 2% e foi registrada no TSE com o código BR-00585/22. Amanhã à noite tem Datafolha, cujos resultados comentarei sexta-feira no Café da Manhã do DCM TV.

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