‘Apuração paralela’ não existe, será um tosco “Datamilico”?

A Folha afirma em sua manchete de hoje que “Forças Armadas farão apuração paralela em tempo real com 385 urnas“, comparando os dados dos boletins de urna oficiais com os números mandados ao TSE para a totalização pelos Tribunais Regionais Eleitorais.

O TSE nega que vá concedido qualquer acesso privilegiado aos militares e os boletins de urna que elas “conferirão” estarão acessíveis a qualquer pessoa ou entidade. Não 385, mas “um, dez, mil ou todos”.

Por tudo o que está disponível, o que os militares iriam fazer não seria nem apuração – pois só trabalharão com o resultado já processado pela urna – , nem auditoria – porque a fonte dos “dois” resultados proviria do mesmo sistema de computação.

Imaginar que os boletins sejam publicados de um jeito e totalizados com outros dados é tão primário quanto aquele “é verdade este bilete” infantil.

Pelo número de urnas “selecionadas” (um pouco menos de um milésimo, ou menos de 0,001% das urnas) está mais para amostragem de pesquisa eleitoral que, aliás, usam percentual semelhante dos eleitores.

Tudo o que poderão fazer é um pobre e tosco “Datamilico”, procurando projetar um resultado que estaria (ou não) estatisticamente compatível com o resultado oficial.

Não só uma grossa asneira metodológica, porque os locais das urnas têm menos correspondência com a estratificação social e etária que uma pesquisa cientificamente orientada, como também um perigo, quando a definição da eleição (vencedores e realização de 2° turno) pode estar dentro das margens de erro que uma pesquisa tem.

Só há duas hipóteses: ou esta patacoada não serve para coisa alguma senão uma saída “honrosa” para os inexplicáveis questionamentos militares, ou dará a eles – a a seu chefe – uma “prévia” do resultado eleitoral que os ajude a decidir o que farão.

Embora o que devam fazer, com qualquer resultado, seja exatamente uma coisa só: acatá-lo.

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