Armação das rádios não para de pé e murcha ainda hoje

A autora de “denúncia” de que não teriam sido veiculadas algumas inserções de propaganda da campanha de Jair Bolsonaro numa rádio do grupo “Jornal da Manhã”, é, revela a Folha, uma bolsonarista declarada.

De fato, basta ler o que escreve numa espécie de “coluna social” a senhor Lídia Prata, derretendo-se para Michelle Bolsonaro – que recebeu uma “edição especial” do jornal, em sua homenagem.

Ela diz, na Folha, que não sabe se foi “confusão” não “terem enviado” para sua emissora, as peças de propaganda que diz não terem sido veiculadas, no início da propaganda de 2° turno. Depois se corrige, dizendo que não foi avisada sobre onde “baixar” o material.

Não é verdade, porque era no mesmo lugar onde as emissoras recebiam a de primeiro turno, porque as peças de campanha (presidencial e de governadores e senadores), há pelo menos duas décadas, não são entregues individualmente (mais por canais de geração e, depois, por internet) às emissoras, pois seria de uma logística impossível. Há um pool de geração das peças e cada emissora as busca lá. Igualmente se faz em pool o mapa de mídia, indicando data e bloco (manhã, tarde ou noite) em que as peças serão veiculadas.

Já fiz isso dezenas de vezes em campanha, mesmo no tempo anterior à internet, quando se enviava o material de rádio para geração pela Radiobras.

Não existe, portanto, possibilidade de “boicote” na disponibilização do material porque não há distribuição do material em tempo algum. Se alguma inserção não for ao ar é responsabilidade da emissora, porque as peças ficam disponíveis no pool ou, em caso de imprevisto, repete-se uma peça anteriormente exibida, desde que não tenha sido impugnada pelo Tribunal. Tudo isso está em resolução do TSE e na Cartilha que a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) distribui a todas as suas afiliadas.

No Estadão, fica-se sabendo que o servidor que, exonerado, foi levar suspeita à Polícia Federal era bolsonarista e – o que é direito dele – e com um histórico de confusões dentro do Tribunal, por ter sido afastado da vaga que tinha na Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação do TSE e transcrevo o relato do jornal paulista:

Segundo relatos de colegas, Alexandre Machado imprimia um perfil exageradamente ideológico no colegiado e isso prejudicava o andamento dos trabalhos. Ele se posicionava de forma contrária até mesmo em pautas consensuais, como a de enfrentamento à violência contra a mulher.
Colegas de trabalho relatam que ele não tolerava a discussão sobre pautas de gênero, mesmo esse sendo um tema caro internamente porque houve casos de colaboradoras do TSE serem vítimas de feminicídio.

Esta história, evidentemente uma armação tosca não vai durar nem 24 horas, até porque a mídia não está dando grande repercussão justamente por saber impossível uma fraude por estes meios.

Na falta de bonde melhor, Bolsonaro tenta pegar alguma carona, mas sabe que isso é “fria”.

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Uma resposta

  1. Admiro o seu otimismo, Fernando Brito, mas não consigo acompanhá-lo. Com efeito, o TSE, como sói acontecer, está colaborando por omissão com a disseminação de fake news a respeito desse assunto, pela campanha do Inominável. Seria facílimo informar OFICIALMENTE ao distinto público duas coisas: em primeiro lugar, que a “amostra” fornecida pela campanha não serve por tais e tais motivos; em segundo lugar os verdadeiros motivos do afastamento (na hora errada, por sinal) do funcionário autor da versão falsa. O assunto estaria encerrado. Do jeito que está, vai rolar até domingo.

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