Salvar a Amazônia ajudará a salvar o Brasil

O artigo (e o vídeo, que vai abaixo) do The New York Times, dizendo que e a eleição presidencial do Brasil “coloca em jogo” não apenas a liderança de “uma das maiores economias do mundo”, mas também o “futuro do planeta”, não é revelador, apenas, de como o mundo acompanha a escolha do Brasil entre civilização e barbárie.

Mostra o caminho que está aberto para o nosso país o caminho para transformar a preocupação climática que domina o mundo em um dos vetores do processo urgente que temos de recuperação econômica, que certamente não é o do abate de toras de mogno nem o de despejo de mercúrio nos rios pelas mãos de madeireiros e garimpeiros.

Em algum dia entre a próxima segunda-feira e o final do ano, Lula estará de malas prontas para correr a Europa e os Estados Unidos da América para dizer a seus governos e líderes empresariais que precisam transformar em iniciativa de preservação com desenvolvimento econômico o discurso que fazem sobre a preservação da floresta.

Vai dar consequência ao que o vídeo diz quando fala que o Brasil vai escolher parte dos destinos do mundo no domingo.

E não vai ser com convites vagos, apenas mas com uma proposta de um pacto interamazônico, fazendo o Brasil liderar, perante o mundo, os nove países que compõem a Amazônia (além do Brasil, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Só alguém com uma liderança continental incontestável e uma tradição de respeito fraterno aos vizinhos pode articular o que é, necessariamente, mais amplos que as fronteiras nacionais: o sensoriamento remoto das áreas florestais, o controle e repressão a delitos ambientais, financiamento a pesquisas e a força de políticas que representem os interesses de todos, de forma equilibrada.

O vídeo e a importância que o mais importante jornal do planeta lhe dá é apenas um sintoma do peso que o Brasil deve dar ao que não é, como pensa o atual presidente, uma “frescura de ambientalista”, mas uma das raríssimas oportunidades que resta no mundo de atrair investimentos em pesquisas, em preservação e em segurança climática e em economia sustentável, para muito além do mero marketing.

Não está em questão a nossa soberania sobre a Amazônia Brasileira, e ela seria antes uma vergonha se servir como coberta à sua destruição. O que está em questão é o que faremos para transformar a sua necessária preservação em fator de desenvolvimento equilibrado e de atração de recursos que façam o mundo contribuir para que o façamos mais rápido e melhor.

PS. A propósito, que pena ver o NYT publicar uma material assim e ver nos nossos jornais, adeptos da falsa equivalência, continuarem no pântano de “uma escolha muito difícil”.

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