A explosão dos ‘solitários’ mostra improviso e fraude no Auxílio Brasil

Coube ao repórter Carlos Madero, do UOL, por fim na preguiça da imprensa diante da pauta óbvia dada pelo presidente em exercício do Tribunal de contas da União, Bruno Dantas, ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, na quarta-feira: a transformação do Bolsa Família em Auxilio Brasil abriu caminho para um processo que, tudo indica, levou a fraude através não apenas pela “fragmentação” de unidades familiares como para inscrições individuais para receber o benefício que não corresponde ao estado de necessidade dos beneficiários.

Em menos de um ano , o número de beneficiários individuais do programa passou de cerca de 15% (em janeiro) para 25,8% em setembro passado, passando a ser maior do que os das famílias com três ou quatro integrantes. Em quantidade, o número de “solitários” inscritos para receber o auxílio saltou de 2,2 milhões, em janeiro de 2021 para 5,3 em agosto.

Um despesa anual, considerado o valor de R$ 600 de nada menos que R$ 22,3 bilhões.

É claro que nem todos os beneficiários unipessoais são fraude, mas o volume do acréscimo é inexplicável, senão por dois tipos de burla: ou a partição artificial de famílias ou inscrições irregulares de quem não faria jus a estar no programa e está. Aliás, vimos, faz tempo, um rosário de exemplos destas fraudes, como era o recebimento do auxílio por figuras como a mulher do deputado Daniel Silveira, o tal “padre” Kelmon e o empresário que debochou da mulher que recebia quentinhas.

E a fonte deste desastre está no aniquilamento do Cadastro Único desenvolvido durante anos, como parte do Sistema Único de Assistência Social, feito pelo governo Bolsonaro.

A turma que fala em responsabilidade fiscal vai se chocar contra um desperdício de dinheiro deste tamanho, que pode deixar no chinelo qualquer fraude que já se tenha feito neste país e, pior, com o dinheiro que deveria estar focado nas pessoas em condições miseráveis de subsistência?

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