Ao contrário do que ocorreu em sua primeira ascensão ao governo, quando construiu pacientemente a trajetória que, já no segundo mandato, o levaria aos mais altos índices de aprovação já obtidos por um presidente brasileiro, desta vez Lula tem pressa em alcançar um nível de efetividade de seu governo que lhe dê força de sustentação política suficiente para estabilizar a sua capacidade de relançar as bases de um projeto de desenvolvimento muito mais profundo e resistente a crises.
Foram estes os traços – pelo que falou na parte pública e naquilo que se soube da parte reservada – da reunião com seus ministros, ao pedir que cada um deles oferecesse o leque de medidas imediatas que irão tomar em suas pastas e a relação de obras inacabadas que pretende reativar até o final destes mês.
Lula sabe que é essencial modificar o clima de paralisia que dominou o país após as eleições e que representa uma ameaça às condições objetivas favoráveis à retomada econômica.
Nada lhe parece mais urgente que recobrar uma atmosfera de confiança que leve à ampliação do investimento, do consumo e é para isso que tenta dar organicidade à máquina de governo que montou com as limitadas condições que a política lhe dá neste momento, premido pela necessidade de trabalhar com uma situação delicadíssima no parlamento.
O primeiro momento é , porém, é o do enfrentamento – até aqui bem sucedido – das evidentes situações de sabotagem econômica que desde, a sua vitória eleitoral, ainda se fazem com a história da faladíssima “irresponsabilidade fiscal” que seu governo representaria.
Mesmo tendo perdido o “primeiro round” especulativo que tentou-se nos primeiros dias de governo, com a alta do dólar e a queda da Bovespa não tendo força para se sustentarem, ainda não desistiram de fazer com que o governo abjure de seus compromissos. Na reunião, Lula deixou claro, de novo, que não o fará, mas para isso usam até mesmo com esta história de que o governo não sustentará o aumento do salário mínimo.
Haverá novas tentativas na próxima semana, na qual se espera o anúncio das primeiras medidas econômicas por Fernando Haddad.
Ainda mais se nelas, como parece, estarão as ações dos bancos públicos para amenizar o programa de mitigação da inadimplência generalizada das famílias, principal trava no consumo popular e as sinalizações de que haverá, ainda que ligeira, uma queda nos juros públicos que o país segue praticando, mesmo depois de meses de redução das taxas de inflação que as justificariam.