A batalha eleitoral está no campo da economia

A entrevista de Rodrigo Maia na Folha resume a esperança da chamada 3ª Via:

“Só tem um para sair do segundo turno, que é o Bolsonaro. O candidato que está no nosso campo da centro-direita bate no Lula para mostrar que é diferente, mas o adversário é o Bolsonaro, que entrou no nosso eleitor”.

É um resumo perfeito do resultado desastroso que, para a “direita convencional”, se veio construindo desde que o conservadorismo brasileiro mandou às favas os escrúpulos e embarcou numa jornada fanática e transtornada contra os governos de centro-esquerda que desembocou no bolsonarismo.

O desastre deste governo, diante do qual manteve, durante um longo tempo, a simpatia dos que o achavam um “selvagem, mas liberal” dissolveu a possibilidade de, por gosto, conviver com ele. Mas não a de, por necessidade, cederem à ideia de que uma convívio com a esquerda seria necessário para bani-lo da vida política.

O “nosso eleitor”, na definição de Maia, é, antes e acima de tudo, antiesquerda, ou antipetista, para usar a expressão que o ex-presidente da Câmara emprega em suas respostas.

Objetivamente, porém, a entrevista de maia assinala que o grande capital está perto de colocar os dois pés – e não apenas um – na canoa de um dos muitos candidatos que se apresentam como nem-nem.

Bolsonaro rompeu a única sacralidade que vinha desde o golpe de Temer e até de antes, como o argumento central do impeachment de Dilma Rousseff: o “teto de gastos” ou, em tradução prática, o estrangulamento dos gastos públicos.

Esta é a bandeira que ficou sem ter quem a empunhe.

Como todas as alternativas a Bolsonaro e a Lula apresentam números nanicos nas pesquisas de opinião, para hasteá-la do mastro do qual o atual governo a retirou (ou, ao menos, desceu a meio-pau) precisam demolir o Bolsonaro que construíram para, com “o nosso eleitor”, reconstruir a alternativa que tiveram – mesmo com derrotas – no PSDB, para que o “império da vontade” liberal seja restaurado.

Mas isso está longe de ser simples, porque o imenso leque de candidaturas que abriram não pode ser somado aritmeticamente e não é crível que todos venham a desistir em nome de um só deles e menos ainda que os eleitores façam esta migração.

E novamente Maia tem razão no diagnóstico do que é até agora uma fatalidade para a tal 3ª Via, permanecendo fraca esfacelada: “se o Bolsonaro seguir sendo o adversário dele, Lula vai poder jogar parado, não precisa se comprometer com ninguém”.

É isso: a centro direita brasileira adora cavar seus próprios abismos.

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