A campanha das pesquisas

Duas novas pesquisas – Genial/Quaest e XP/Ipespe – serão divulgadas esta semana (respectivamente quarta e quinta-feira) e o fato de que, provavelmente, apresentarão pequenas ou nulas variações na intenção de voto da população não quer dizer que tenham pouca significação.

Certamente menor que as “grandes marcas” – Datafolha e Ipec, o ex-Ibope), elas são as sondagens que interferirão nos movimentos de definição das forças políticas convencionais, ainda sob a linha d’água, tanto pelo que derem quanto que não derem aos pré-candidatos que fazem seus arranjos.

A Bolsonaro, basta não cair de seu patamar de 25%, no qual está blindado de qualquer força de direita que pretenda substituí-lo: leia-se Sérgio Moro.

A Lula, igualmente, a manutenção do patamar em que está – que o aponta no limiar de uma vitória em 1° turno – também é o mais conveniente, porque um pouco mais agora poderia representar o “salto alto” que o ex-presidente quer evitar a qualquer curto em seu partido, seja porque diminuiu o empenho da militância, seja porque torna o PT mais reticente aos seus planos de ampliar até o limite do possível o leque de apoios com que conta para governar.

No resto da turma é o contrário: só improváveis elevações rápidas em suas intenções de voto poderiam ajudar a desembaralhar as cartas de pouco valor com que jogam o jogo da política. Mas, ao contrário, perder um ou dois pontos, para os que têm isso a perder, pode lhes ser a antecipação da morte, sobretudo no caso de Moro, que corre o risco de ver-se reduzido a cabo eleitoral do MBL .

Os preâmbulos da campanha eleitoral, sem povo na rua, em meio à desmobilização geral causada pela pandemia e ao processo de destruição dos partidos políticos que se iniciou na era do “padrão Fifa” e da Lava Jato, escreve-se, infelizmente, nas pesquisas e nas articulações toscas de chefetes medíocres de agrupamentos que não fazem política, mas contabilidade de mandatos que os habilitem a verbas.

É possível que a disputa chegue assim até a decisão de outubro? Sim, mas é improvável, sobretudo se o agravamento da crise econômica acelerar-se, menos por um “efeito Lula” nos mercados (o que não tem lógica e não surgiu, até agora), mas por um “efeito Bolsonaro”, que dá sinais de acontecer no descontrole fiscal do país.

 

 

 

 

 

 

 

 

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