Nenhuma imagem do desfile de 7 de setembro é mais caricatural que a de Luciano Hang, o homem que tomando o lugar do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, ao lado do presidente da república do Brasil.
Não só porque é o vendedor de bugigangas que assinala suas lojas com a Estátua da Liberdade norte-americana como é um pastiche do patriotismo fantasiado de verde-amarelo como um papagaio como por ser, a esta altura, um investigado por formação de grupos golpistas e financiamento de extremistas de direita.
Foi o símbolo máximo do sequestro de nossa data nacional, a simbolizar a que tipo de homens está entregue o país: aventureiros, patéticos, hipócritas.
Nem tanto porque haja manifestação de apoiadores, inevitáveis num período eleitoral, mas porque a festa não foi montada para o Brasil, mas para Jair Bolsonaro, autoproclamado príncipe.
E porque, nesta montagem, estava previsto que fosse apenas assim, ao ponto de nenhum outro poder estar ali representado.
Está sendo a negação de tudo o quanto pudesse significar nossa unidade nacional, nossa maravilhosa diversidade, nossa festiva capacidade de sorrir, de sonhar, de conviver.
Com a pluralidade que é a nossa própria natureza como Nação.
Não acho disparatada, por isso, a sugestão para que Lula, vencendo a eleição, decrete 2023 como o ano de de nosso bicentenário da Independência. Afinal, até o 7 de setembro de 2023, teremos 200 anos como país autônomo e, como a pandemia já nos fez “esticar” tantos encontros e festas, por que não podemos fazer também com esta festa?
Melhor do que, como estamos agora, ficar sem ela.