Assisti a entrevista coletiva de lula, hoje, em Brasília.
Duas coisas chamaram-me a atenção.
A primeira, o estado de serenidade que ele encara o processo político. Poderia ter a marcá-lo certa empáfia de quem ostenta uma condição de franco favorito nas pesquisas eleitorais. Também poderia ser o ranço vingativo de quem passou 580 dias preso, foi massacrado na política e na honra pessoal.
Não usa nenhuma coisa nem outra, e o que salta no seu comportamento é o senso de missão que se atribui, repetindo quase como mantra sua fé na capacidade do Brasil e dos brasileiro em se reconstruir como país, na economia e na convivência. E isso começa pela própria intimidade que usa ao falar, sem afetação e sem colocar-se como um salvador, mas como quem tem como mérito a capacidade de unir, não de dividir.
A segunda é que, não obstante isso, Lula parece muito mais resoluto em fazer os enfrentamentos necessários para mudar, mais até que fez em seus dois mandatos. A idade e as agruras que sofreu parecem ter tirado dele a ilusão de que bastaria sem um bom presidente para tornar-se uma figura referencial. Talvez tenha descoberto que não será assim nunca para as figuras que contam em manter o país no atraso e que, incrivelmente, conseguiram se assenhorear do poder.
Assista, ainda que longa, é quase como receber uma visita do ex-presidente para conversar sobre o Brasil.