Na Folha de hoje, aparece um indício de como a corrupção do governo Bolsonaro funciona e não é “virtual” como afirmou ontem o ministro-chefe do Centrão, Ciro Nogueira.
Um construtora maranhense, a Engefort, abiscoitou 53 das 99 concorrências abertas pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba – a Codevasf – para a pavimentação de vias em 15 estados com recursos federais, disputando sozinha ou com a “cobertura” de uma outra empresa, de fachada e dirigida por um irmão de seu dono, que entrava na licitação apenas para legitimar o “resultado”.
No total, são contratos de R$ 620 milhões, a maioria com recursos do “Orçamento secreto”, dos quais R$ 84,6 milhões já foram recebidos.
A reportagem mostra que, além de cobrar caro – os preços eram, na maioria, “cheios”, sem desconto sobre o valor máximo – entregava um serviço de baixíssima qualidade: diversos trechos recém-entregues da pavimentação estão em ruínas, esburacados e erodidos pela falta de drenagem.
A fraude na licitação é primária e não poderia ter passado despercebida nem na Codevasf, nem pela Controladoria Geral da União. Basta acessar o Google e consultar o CNPJ ou ligar para empresa de fachada que “concorria” com a Engefort, para ver que ela não existia. Até a pasta de documentos que enviou ao governo está vazia.
A Codevasf nem é primária: poucos meses atrás surgiu o escândalo do Tratoraço, a compra de máquinas agrícolas superfaturadas, que foi finalmente suspensa pelo Tribunal de Contas da União.
Não dá em nada porque, claro, é “virtual”.