A demora de Dilma em nomear juízes

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A presidenta Dilma está demorando tanto para nomear juízes, desembargadores e titulares de agências reguladoras, que o PMDB já lançou uma PEC para tirar esse poder do Executivo e transferi-lo para o Congresso.

Michel Temer, vice-presidente, apoia.

A indecisão de Dilma criou um vácuo de poder que está sendo alegre e rapidamente preenchido pelo PMDB.

O pior, no entanto, é que a demora irrita um Judiciário conservador e reacionário por natureza, tornando-o ainda mais hostil ao PT, ao Executivo e à esquerda em geral.

As movimentações de setores golpistas, que adoram manipular o judiciário, agradecem.

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Dilma: o vácuo de governança no prenchimento de cargos

SAB, 28/03/2015 – 09:38
ATUALIZADO EM 28/03/2015 – 09:41
Luis Nassif, no Jornal GGN.

O vice-presidente Michel Temer é um político educado, com grande preocupação em não invadir áreas de outros poderes.

Ao endossar a PEC do PMDB, visando agilizar as nomeações feitas pelo Executivo, Temer rompeu com sua discrição, mas com conhecimento de causa.

Falta alguém do Planalto para informar a presidente sobre o desgaste provocado pela demora em preencher cargos – especialmente para o Judiciário.

No TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3a Região), por exemplo, Dilma demorou mais de 6 meses para nomear vários desembargadores para cargos vagos. O sentimento que varreu o Tribunal foi a de que Dilma não gostava da Justiça, não tinha apreço pelo Judiciário.

Foi necessário uma viagem de Dilma para Temer, assumindo interinamente a presidência, assinar os atos de nomeação. E sobrou para ele. No dia seguinte, com o discernimento que lhe é peculiar, o Estadão associou as nomeações a supostas barganhas de Temer com o Tribunal. Ou seja, Temer pagou o pato quitando uma dívida que não era sua.

Agora, a demora em indicar Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) provoca um terremoto nas relações já não tão saudáveis entre o poder e a presidente. E não apenas isso. Há demora de meses para indicar titulares para as agências reguladoras, autarquias, empresas públicas, espalhando desgastes gratuitos contra Dilma.

Não se sabe o que passa pela cabeça da presidente. Se for receio de qualquer indicação ser torpedeada pelo PMDB no Congresso, está escolhendo o caminho pior: o de conferir ao PMDB a prerrogativa de resolver de vez esses atrasos.

Chegou-se a uma situação que qualquer vacilo da Presidente cria um vácuo que é imediatamente ocupado pelo PMDB ou por outros poderes. Agilizar decisões nevrálgicas virou fator de governabilidade.

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14 respostas

  1. Dentre os inúmeros inconvenientes de tanta demora ( entendo que não deva ser precipitada a nomeação, porque a história já vem mostrando os equívocos de algumas…), existe mais um, qual seja: como cobrar de Gilmar a devolução do processo de suma importância para o país (e que ele enfiou na gaveta…), se a presidenta não faz a parte dela???

  2. Incrível é jogar no colo da Dilma uma dificuldade histórica de toda a esquerda com o poder judiciário. Nunca houve uma sintonia entre um poder elitista e descaradamente de ideologia direitista com a esquerda, tendo o poder judiciário uma clara aversão a ideias que surjam da esquerda e “seus movimentos sociais” que o âmago do judiciário sempre vê como se fossem “movimentos comunistas bolivarianos”.

    Pior que atualmente, como jamais se tinha visto no pós democratização, essa aversão do judiciário à esquerda se escancarou de tal forma que já não existe nem o pudor de querer disfarçar, está à luz do sol, a falta de republicanismo nos julgamentos ideológicos do judiciário e, pior, com a ajuda do MP que nutre o mesmo sentimento e, de forma vil, sendo passada como se legítimo fosse esse tipo de atuação. Tanto isso é verdade que vemos um juiz soltar um primo de um arquirrival político do PT e depois ir a rua “panelar” contra a Dilma, sem o menor pudor, como se ser um ativista anti-PT descarado não colocasse em xeque sua imparcialidade de julgar processos contra políticos adversários do PT ou do PT e, pior, a grande massa não sabe dessas coisas e os poucos que sabem acham normal.

    Nesse quadro atual, a tarefa de Dilma de encontrar juízes REPUBLICANOS é hercúlea. Pior que os “intelectuais” da esquerda sabem disso, principalmente porque é um fato histórico e que se multiplicou sobremaneira nos últimos tempos.

    Mas, existe algum reconhecimento dessa dificuldade que não foi a Dilma que criou? Não. A própria esquerda assimila o discurso da direita hidrofóbica e tenta logo achar uma culpada: Dilma (é mais fácil e dá menos trabalho do que raciocinar sobre as causas dessa demora). Com tanto “fogo amigo”, às vezes fico a pensar, “será que a esquerda está com crises de existência e, sem querer admitir, está usando a Dilma como bode expiatório?”, só isso me explica tanto “fogo amigo”.

    1. Ah! O Temer não fez isso (endossar a PEC) por conta de nenhum outro motivo que não seja se manter vivo dentro do PMDB, porque ele é praticamente um zero a esquerda no partido, não apita nada e, ele sabe bem, que se posicionar contra seria somente para perder e ficar mais evidente a sua falta de força dentro do partido. E isso é claro porque ele é do ramo do Direito e sabe que essa proposta é afrontosa para o equilíbrio entre os poderes, mas como ele sabe que seria voto vencido no seu partido, apoia para não dar muito na vista a sua nulidade parda dentro do PMDB. Temer é, antes de tudo, um político que ama a própria pele, apenas isso, no caso.

      E digo para vocês, ainda bem que o Cunha está sob investigação, porque o PMDB sempre foi um partido sem liderança (desde que jogaram Ulisses ao mar) e que, infelizmente, por conta de interesses de financiamentos de campanha por empresas (sendo que cunha é o representante dessa bandeira) se uniu em volta, talvez, do pior líder que o PMDB poderia ter, Eduardo Cunha, um cara sem escrúpulo algum, que faz de tudo pelo poder. Não fosse seu nome estar num inquérito, o que faz ele ter um pouco mais de prudência em seus atos, não sei em que pé as coisas estariam.

    2. Muito simples amigo, o juiz Fausto De Sanctis já está a altura do cargo e não dá mole para banqueiros ricos (os donos do Brasil).. Já deveria tê-lo nomeado há muito tempo, conforme PHA já demonstrou no seu site…

      1. As inconsistências dos palpiteiros são ululantes. O Temer é nada menos que o vice-presidente da república (isso, com letra minúscula). Se é por falta de lembrança, ele poderia estar enchendo o saco da presidenta. Se não é, ele sabe bem os motivos. Uma Presidente da República não pode ficar controlando nomeações de todos órgãos federais. Para isso existe toda a burocracia do Planalto.
        Você acha que o Lewandowski não tem o telefone do outro lado da praça, será que ele não está participando da análise dos nomes.
        Não é fácil escolher um membro do Supremo. O Governo do PT já se enganou com vários nomes indicados.
        Por outro lado, não adianta achar que um cara é muito bom, se o nome dele não tiver condições de ser aprovado no Senado.

  3. nem mais vácuo nem menos vácuo; todos sabem que, qqer que seja o nome afeto a DILMA, será vetado. O pmdb virou um traíra de marca maior. Só aprovarão quem for indicado por eles. Safados dos infernos!

  4. De fato, parece que o governo vai ficando cada vez mais emparedado por debilidade e inabilidade política: demora demais para responder aos problemas, mobiliza até os possíveis aliados para atuar contra. É triste ver tanta confiança depositada no governo ser frustrada dia a dia pela competente manipulação da mídia golpista corroborada com a fragilidade do governo.

    1. Fragilidade o governo? Mas será o Benedito? Como chamar de frágil um governo que enfrenta achacadores, sonegadores, traidores, corrutos e corrutores, quadrilhas inteiras sendo desfeitas e trucidadas dentro da máquina do governo?

  5. Hoje, Dilma, dita republicana, não “emplaca” nem bandeirinha de jogo de varzea, o que dirá ministro do STF.
    Essa Dilma……

  6. Manda o pessoal do PMDB pressionar o Gilmar Mendes que está com o processo com a justificativa de vistas e já vai fazer um ano no próximo mês e ele não devolve. Joaquim Barbosa saiu não faz nem seis meses.

  7. As estruturas de poder no Brasil foram criadas para defender privilégios; com isso criou-se uma estrutura arcaica, ineficiente e pouco profissional. Verdadeiras capitanias hereditárias se formaram dentro dessas estruturas, deixando como herança uma relação entre o público e o privado muito prejudicial ao País. Uma das raízes do atraso brasileiro é por causa desse relacionamento que traz como resultado o alto volume de ilegalidades que se pratica no País. Uma sociedade que não se orienta pelo que é correto, uma sociedade sem paradigmas. Não existem parâmetros estabelecidos na prática constante daquilo que separa o certo do errado. Essa questão não trata de valores subjetivos e sim dos valores que condicionam o tipo de vida em sociedade que se quer e se defende. Para a Presidenta Dilma, fazer essas escolhas baseada nessas práticas é contrario aos valores que ela defende. A distancia entre o interesse público e o privado é suficiente para que um não seja confundido com o outro. Escolher respeitando essa distancia deve ser a dificuldade enfrentada pela Presidenta Dilma. Essas escolhas deveriam servir ao interesse público e não a interesses privados, sejam individuais ou coletivos. A fragilidade das instituições dificultam ainda mais essas escolhas.

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