Terá muitas surpresas quem acha que Lula governará manietado pela necessidade de ceder e fazer acordos com a maioria conservadora do Congresso.
É fato que a dependência da aprovação da PEC da transição vem lhe causando prejuízos políticos, mas decorre, como já se disse aqui, da “opção preferencial pela política”, que é a marca de Lula ao ao governar e que não se confunde com a capitulação de seus projetos, muito ao contrário.
Mas é igualmente realidade que a esquerda tem, se tanto, 30% do Legislativo e isso basta para ter consciência de que não pode deixar uma espada pendente sobre a cabeça do governo que assumirá.
A dita “Frente Ampla” a que a toda hora se referem os críticos de Lula na imprensa, alegando que ela estaria sendo “escanteada” na definição da montagem do governo e na definição das políticas públicas não tem, praticamente, representação parlamentar e, assim, não pode ter prioridade nesta composição. Não significa que vá ser excluída, mas que não se pode pretender “dona do pedaço”, querendo, por exemplo, o controle da economia.
E, nesse campo, o decisivo para o novo presidente ganhar a tração necessária no início do governo, será preciso deixar muito claro, mesmo com a turma “frentista” reclamando, assinalar claramente a mudança de governo que, aliás, consome alguns meses a se tornar evidenciada.
Mas que precisa ser, porque é a alavanca para a formação de uma maioria que permita avançar com o mínimo de crises políticas.
No restante, sejam quem forem os ministros, as políticas públicas seguirão o perfil da esquerda e ninguém levará área alguma de “porteira fechada”, sem compromisso e composição que atendam a este alinhamento.
Mas isso só acontecerá se o presidente estiver forte no cotidiano dos brasileiros, com ações que aumentem renda, emprego e investimento.
É a economia, para quem não é estúpido, que posiciona um governo e o faz mais ou menos apoiado.