A entrevista de Moro: Não têm pão? Comam cadeia…

A entrevista do ex-ministro e pretendente a candidato Sergio Moro, em O Globo, é um primor de demagogia barata.

Os problemas reais da população – em meio ao maior desemprego da história, de uma mortandade absurda que está voltando a crescer lá fora, do déficit público desastroso e às vésperas do fim do auxílio que ainda está segurando uma onda de fome e desespero – são umas bobagens que não lhe merecem a menor atenção.

Para não ser injusto, ele diz que o país tem “urgências na economia”. E ponto, nem uma palavra a mais.

E vai desfiando o seu “programa de governo: corrupção, corrupção, cadeia, prisão, “linha dura”, etc…

Desemprego, fome, as ruas voltando a ficarem coalhadas de gente sem eira nem beira, nada disso é prioridade.

Para ele, a solução para o país está nos bolsonaristas arrependidos – ou defenestrados do governo, como ele:

O que posso dizer é que há uma movimentação de pessoas com perfil de centro que têm conversado. Várias pessoas podem ser bons candidatos de centro, como o próprio Luciano Huck, o (governador) João Doria, o ex-ministro Mandetta, o João Amoêdo ou mesmo o vice Hamilton Mourão. São conversas, mas isso não quer dizer que exista algo preestabelecido.

O mais curioso é sua receita para o Brasil: menos polarização e que se ponha ” fim desse ciclo de ódio, que envolve principalmente as figuras do presidente (Bolsonaro) e igualmente do PT, especialmente o ex-presidente Lula”.

Vejam bem: o homem que simbolizou, mais que ninguém, a onda de ódio na qual surfou Jair Bolsonaro apela, cinicamente, por uma concórdia. A esta altura, depois de todas as revelações que se fizeram, apontar como responsável por um “ciclo de ódio” aquele que foi caçado por ele, forçando a mão em processos que já ninguém duvida terem sido contaminados pela política e pelo eleitoralismo?

Sergio Moro é, antes de tudo, um cínico. Pariu o anti-Messias e nós que o embalemos?

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