Ler os jornais, pela manhã, é tudo o que não desperta o desejo de dizer o gentil “bom dia” que costumava marcar o otimismo de um novo dia.
Num mundo onde as disputas políticas, diante do horror da pandemia, cessaram ou entraram em modo de espera, aqui no Brasil o que vemos é uma guerra sangrenta, suja e impiedosa.
Deixemos de lado as operações policiais, o noticiário sobre corrupção. os depoimentos e despachos judiciais e, ainda assim, por toda a parte se vê as horríveis flores da estupidez que há anos vem sendo semeada pela mídia, que ara a mente pública com as instituições servindo como o gradil que fere a terra.
Vejam, apenas hoje: os sabidíssimos procuradores do Ministério Público de Minas, Piauí e Goiás, do alto de seu conhecimento epidemiológico, exigem o fornecimento de doses da milagrosa cloroquina que a Organização Mundial de Saúde não recomenda nem para estudos. Depois, a pesquisa Datafolha indica que cresce a minoria suicida que, ainda que morram pessoas como moscas: 28% acham que se deve “acabar com o isolamento das pessoas em casa para estimular a economia e impedir o desemprego, mesmo que isso ajude a espalhar o coronavírus”, segundo diz o Datafolha.
Aqui no Rio, enquanto os camburões da PF cercam o Palácio Laranjeiras, o bispo prefeito autoriza os cultos religiosos presenciais e gasta seu tempo combinando com os “cartolas” o reinício dos jogos de futebol, enquanto expurga cadáveres da contabilidade da pandemia.
Tudo isso ocorre no Brasil que assume a triste liderança na expansão do contágio e da morte no mundo e que, internamente, está esgarçado por uma epidemia de ódio fascista, que não envergonha – antes parece fascinar – as Forças Armadas, que se tornam uma das cabeças do Cérbero do nosso deus dos infernos.
Quem a ele reage, o faz miando, como fez ontem Rodrigo Maia, esquecendo que um estadista não se faz com palavras, mas com atos e uma esquerda que, tristemente, parece não entender que se o combate ao fascismo couber apenas a ela será derrotada além de liberais que, da mesma forma, não compreendem que sem ela estará esmagada.
3 respostas
Deixamos de ser um brasil lindo e trigueiro, este brasil brasileiro… passamos a ser um país miliciano, marginal, onde a convivência está muito complicada pela agressividade que saiu da garrafa do gênio do mal.
Procuradores exigindo o uso da cloroquina? Esta é uma sub-categoria profissional que não cansa de se enxovalhar perante a opinião pública. Os médicos também deveriam exigir que os procuradores cumprissem a lei ou que, pelo menos, aprendessem a usá-la.
Em outras palavras,…PIG que os pariu!