A Folha embrulha o peixe de anteontem

Os jornalistas têm um ditado sobre a soberba em sua profissão.

“O jornal de hoje embrulha o peixe de amanhã”.

A Folha, porém, é tão prodigiosa, que embrulha o peixe de anteontem com o jornal de hoje.

Com o odor correspondente.

Hoje, finalmente, o jornal publica a condenação da servidora Cristina Maris Meirick Ribeiro por surrupiar o processo de sonegação fiscal de R$ 615 milhões de reais.

Nada além do que a blogosfera já escancarou há muitos dias.

Tão vergonhoso que repórter algum assina a matéria.

Aliás, não assina porque não há reportagem.

Não existe qualquer informação que precisasse ser checada para justificar os dias de silêncio.

Estava tudo no Diário Oficial.

Foi uma espécie de “cumprimento de tabela” de um jornal que diz não ter rabo preso com ninguém, a não ser com o leitor.

A Folha é um time que está entregando o jogo e faz um golzinho no fim, para salvar as aparências.

Não salva, é obvio, coisa alguma.

A hipocrisia, como se sabe, é o tributo que o vício rende à virtude.

Mais do que para qualquer um, para um jornal é uma imoralidade ocultar a verdade.

E é cínico mostrá-la apenas para se mostrar honesto.