Eu entrei nesta profissão no tempo em que ela tinha algumas figuras míticas.
Barbosa Lima Sobrinho, já nos seus 80 anos, foi recebido como um ícone num debate de estudantes calouros na UFRJ.
Castelinho era venerado, não apenas pela qualidade da informação com pela delicadeza com que tratava da política e dos políticos em seu canto da página dois do Jornal do Brasil.
E, bem mais novo, Janio de Freitas era uma águia a apontar irregularidades, desvios e o monte de espertezas que foi, desgraçadamente, tomando conta da política brasileira.
Hoje, fui tomado de vergonha ao ver, na Folha de S. Paulo, essa glória remanescente daqueles tempos de jornalismo agredida toscamente por Reinaldo Azevedo.
Reinaldo não pode se queixar de ser criticado, porque é isso que ele procura quando criou para si mesmo o papel de enfant terrible da direita.
Ele busca, pelas razões absolutas que defende, pelos rótulos que prega e pelo ódio que destila, sempre o confronto pessoal, eis que o de ideias, nas poucas que tem, é frágil, fragilíssimo.
Não o culpo por nada além disso e todos os miasmas que brotam do seu texto não são coisa alguma além disso.
No monturo da Veja, onde teria propriedade a frase que Dante apõe ao pórtico do Inferno – lasciate ogni speranza voi che entrate – ele cabe, porque quem para lá vai sabe que terá de se despir não apenas dela como de parte de sua dignidade.
Mas não na Folha, onde há gente digna, capaz e civilizada, embora tenha de se submeter às manias tolas que o jornal cultiva.
É à Folha que cabe o repúdio por colocar sua figura histórica, Janio, ao alcance de mãos lamacentas.
Ela o foi buscar e deu-lhe ribalta.
Não sei o que se passou com Janio, a quem mal conheço pessoalmente embora o admire como profissional como se ainda fosse um trêmulo “foca”.
Não sei se lhe doeu ver a casa a quem tanto deu abrigar tal figura, ou se deu de ombros e espanou com o pé a figura minúscula.
Sei que a mim doeu e revoltou.
E por mim é que faço este desagravo, do qual Janio não precisa.
Preciso eu, para seguir achando que há dignidade em minha profissão.
21 respostas
Frase de Barbosa Lima, que sintetiza muito a sua vida:
“Não posso renegar o sacrifício de lutar e defender os ideais de toda a minha vida.”
Há poucos, muito poucos, ainda como ele.
Muito bem lembrado, parabéns. A mim envergonha ver o jornal com o qual me informei ao longo de toda a década de 80 e o comecinho dos 90 converter-se em um velho retrucão. E Reinaldo Azevedo não é jornalista.
A Folha não nega sua origem. Na ditadura era considerada o paraíso dos tiras(policiais). Não por acaso tinha a fama do jornal de maior tiragem(policiais). Ao ponto de servir as forças da repressão emprestando seus veículos para condução dos prisioneiros a tortura e morte, inclusive jornalistas, como Vladimir Herzog. Jânio trabalha na lama. Muito difícil não se sujar.
Falou tudo.
Bem lembrado, a FDSP emprestou seu poder evonômico ao DO-CODI durante a repressão. Eu não sabia, lia jornais desde meus oito anos, e quando pude comprá-los, optei pela Folha, que tinha uma roupagem moderna, parecia ouvir os dois lados e contava com um espectro de jornalistas e colunistas muito amplo. Em 1992, 93 começou a radicalizar suas posições direitistas, o processo de Collor parece que foi o laboratório desse processo. Até os críticos de música começaram a pender para o reacionarismo. A greve dos petroleiros em 1995, onde FHC jogou o Exército nas refinarias, atitude que o jornal apoiou incondicionalmente, foi o fim dos meus 13 anos de FDSP. Hoje vejo que o Nasi, pensando em outra coisa, tinha razão: pbre São Paulo, pobre paulista.
Eu tive a felicidade de não ler e passar por isso. Há quatro anos cancelei minha assinatura da Folha, e só me fez bem fazê-lo.
Idem. Também cancelei e nem a manchete leio mais nas bancas porque sei o que ela vai dizer: NADA.
Vivem me importunando por assinaturas. Não quero nem de graça. A Revista Isto É também caiu, na minha opinião, na vala comum da mídia tradicional, ao embarcar na campanha de criminalização dos blogueiros de esquerda. A mais fedorenta de todas, a Veja, graças a Deus nunca ninguém me ofereceu.
Tambem nao leio mais a istoe’ nem recomendo a ninguem aquela que se diz independente, se diz.
Crie corvos e eles te comerão os olhos.
na represso reinaldo szevedo teria sido executado pelas forças radicais ou seja e um mal para politica.
a folha parece ter acionado o seu mecanismo de autodestruicao!q o seu fim entao venha o mais rapido!
Ora e simples a solucao da questao REINALDO …oBSERVEM QUE ELE SO USA DA FALACIA AD HOMINEM EM FACE A PERSONALIDADES, VIDE OSCAR, E AGORA JANIO – ESPERANCA DE NOTICIAS BASEADAS EM FATOS – com essa conduta ele pensa que se iguala a personalidade do atacado. ledo engano ….Agora atencao especial a quem lhe da espaco
Sr.Britto,eu aprendi ou ouvi,lá longe,nas épocas ginasianas,coisas naturalmente quase apagadas das memórias dos mais novos,citada por um velho professor,que a nós, seus alunos,e eu particularmente,evoca lindas saudades que AOS POETAS E AOS PINTORES TUDO É PERMITIDO!Não sei ou lembro,quem é o autor de tal sentença,contudo penso que tal ” PRIVILÉGIO ” também se pode conceder ao Jornalismo,já que tem em seu favor,não como aqueles as armas pra cometer ao longo de sua história,desde Gutemberg,prerrogativas que nenhuma outra atividade possui,qual seja,mentir impudentemente e atribuindo sempre,às suas mentiras,a PRERROGATIVA MÃE DE ESCONDER AS FONTES.Enquanto perdurar tal privilégio,infortunadamente,não se saberá deveras,quais deles são os vilões ou os mocinhos.Mais me parece um caso de CUMPLICIDADES!
Todo este processo ora empregado pela direita raivosa sempre ocorreu quando o governo tenta um status quo existente, mexendo em privilégios conquistados pela força em detrimento de grande parte do nosso povo. Em outras épocas isto aconteceu com governos debilitados pela economia e/ou com apoio de potências estrangeiras que com o mote “comunista come criancinhas” despejavam o que fosse preciso para derrubar governos democráticos legítimos.
A sua atual é bastante diferente. Existem os que querem ver a carruagem andar mais depressa e são críticos do governo, porém jamais irão apoiar o retrocesso apregoado pelos que só existem politicamente pela cobertura que a mídia lhes dá.
Então o que está acontecendo? porque ainda se empregam métodos usados quando não havia expectativa de manter os governos socialistas?
Ninguém pode esperar que em um provável novo mandato da Dilma haverá refresco e se as coisas continuarem a dar certo, mais 4 ou mesmo 8 anos de ajustes sociais e desenvolvimento econômico.
No meu entender a oposição busca a guerra civil onde a artilharia pesada continuará nas mãos da mídia já que, ao tudo indica os militares não querem mais entrar nesta.
Mais do que passou da hora de manifestarmos massivamente nas ruas a nossa indignação, o que só não está acontecendo pelo receio de se estar botando mais lenha na fogueira. Haverá um momento em que esta questão não será mais adiada e aí vamos ver como estão os que reconhecem os avanços “nuca dantes”.
Ainda adolescente aprendi a ler jornal comprando “A Gazeta Esportiva” para saber as noticias do meu Palmeiras. Posteriormente passei a ler e assinar a Folha de São Paulo, na época um jornal que parecia ser democrático. Durante muito tempo fui assinante deste jornal e das revistas semanais Veja, Istoé. Todavia, a partir de 2003 percebi que estava pagando para me aborrecer e lendo puro lixo. Diante disso, cancelei todas as assinaturas e deixei até de assistir o Jornal Nacional. Da Folha de São Paulo atual a única coisa decente existente é a coluna do jornalista Jânio de Freitas. Em pior situação está o jornal “O Globo”, que é 110% indecente e onde não se salva ninguém!!! Aliás, gostaria de sugerir ao Jânio que abandonasse este lixo e passasse a escrever em um Blog “sujo”, o qual com certeza teria grande audiência.
Reinaldo e seus seguidores , como uma seita, precisam de tratamento médico!!
não sei porque a surpresa,
o r.a. faz o que foi contratado para fazer e o faz melhor que ninguém:
rola bosta.
Fui na Folha ler o “Tio Rei” sobre o Janio. Que baixeza, credo.
Fernando, perder tempo falando do rola-bosta é dar-lhe uma notoriedade que não cabe ao esgoto !
Onde fala “e Reinaldo Azevedo não é jornalista” completaria; é um rola bosta.