A Folha se alinha a Alckmin e à “deshisterização” do PSDB

geraldo

Dois editoriais da Folha, ontem e hoje, mostram o realinhamento de forças do conservadorismo brasileiro.

Ou, falando mais diretamente, o avanço da “opção Alckmin 2018” em curso, agora que a onda do “coxismo histérico” refluiu, embora tenha deixado marcas na testa de seu recente amor por Aécio Neves.

Que murchou na empáfia, anda falando pouco e parece não ter mais o “script” fácil do “contra tudo que aí está”.

Ontem, no violento texto Submissão, o quartel-general da Folha, abre fogo contra a pauta ultraconservadora de Eduardo Cunha:

“Nos tempos de Eduardo Cunha, mais do que nunca a bancada evangélica se associa à bancada da bala para impor um modelo de sociedade mais repressivo, mais intolerante, mais preconceituoso do que tem sido a tradição constitucional brasileira.”(…)

“Uma espécie de furor sacrossanto, para o qual contribui em grande medida o interesse fisiológico de pressionar o Executivo, alastra-se para o Senado. No susto, acaba-se com a reeleição e se altera a duração dos mandatos políticos. O cidadão assiste a tudo sem sentir que foi consultado.”

Os “modernos” da Folha, mais perfeita tradução da “para-elite ” que se forma em torno do dinheiro, não poupam dureza no texto, ao dizer que o parlamento caminha para “transformar-se numa espécie de picadeiro pseudorreligioso” e chama os seus a reagir, apelando aos “setores políticos moderados se veem quase compelidos a conciliar-se com a virulência ideológica”:

“Os inquisidores da irmandade evangélica, os demagogos da bala e da tortura avançam sobre a ordem democrática e sobre a cultura liberal do Estado; que, diante deles, não prevaleça a submissão.”

Hoje, de imediato, dá exemplo do que seja não se submeter: apóia a proposta de não reduzir a maioridade  penal da forma brutal que defendem Cunha e os “irmãos” de mandato, mas submetê-la ao que parece estar inevitavelmente consensual: a extensão do prazo de internação dos que cometam “crimes hediondos”, na faixa etária dos 16 aos 18 anos, o que não trará nenhum resultado expressivo em matéria de combate à criminalidade, mas responde à sanha do “prende mais” que domina o Brasil destes dias.

Ou melhor, que teria como resultado uma projeção indesejada, neste campo,  a Eduardo Cunha.

Curiosamente, a proposta de Geraldo Alckmin e José Serra, até agora (ou até há pouco) minoritária dentro do próprio PSDB, encantado com o poder de Eduardo Cunha de infernizar o Governo Dilma.

Aécio assiste, sem poder reagir, o avanço “alckimista” entre os tucanos. Salvo haja uma recuperação espetacular do governo Dilma, que leve o embate com Lula em 2018 ser uma derrota anunciada e inevitável, não será o candidato tucano e, não sendo candidato, não terá a força do “recall” eleitoral a empurrá-lo.

E , como nada abala o a alta classe média e sua inabalável  crença na soberania de São Paulo sobre o Brasil,  o mineiro-carioca vê rebrotar o chuchu que sobreviveu às torneiras secas, ao Serra, à Siemens e à seca.

A Folha, que empurrou como poucos o “coxismo”, cumpre seu papel de corneteira, a tocar reunir para a classe média ao velho liberalismo entreguista tucano, pedindo o fim de sua transitória paixão pela ultra-direita.

Que, porém, existe em número e forma que há tempos não conhecia e não deixará de ter seu rosto, como vimos repetindo aqui, em 2018, certamente com tempero supostamente evangélico.

O que, de passagem – e como qualquer um percebe, é também um Bye, Marina.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

24 respostas

  1. Alckmin é mais sujo do que pau de galinheiro.
    Afundou o estado de SP em dividas, usurpou até a água de nós paulistas e está levando a saúde e educação e segurança no estado no caos total.
    Se o PT quiser, veja bem, se ele quiser, o que nao parece querer, desmonta o Alckmin rapido.
    Mas é bom lembrar que o PT de São Paulo é praticamente base do sr Alckmin.

  2. Quer dizer que a Midia Paulistana recomenda fortemente que as elites utilizem as suas panelas para fazer “coxinha com xuxu” provavelmente gratinado e sem água.

  3. Hillary deflagrou sua campanha às eleições presidenciais dos EUA, copiando o discurso do ex-presidente Lula. Fala em “um país para todos”, critica a concentração de renda nas mãos dos muitos ricos de Wall Street, e diz que seu país precisa que “uma filha de operário possa chegar à universidade”. O que a Mídia brasileira pensa a respeito?

  4. A própria Folha tentando manobrar a boiada para longe da extrema-direita? É sinal de que a coisa está realmente feia (ontem tinha até degenerado gritando à plenos pulmões xingamentos contra a Dilma em plena madrugada em Curitiba).

  5. Em 2018 o cenário deve ser entre Lula e Alckmin. Dilma tem pouco mais ed 3 anos pra recuperar a popularidade, fazer o país voltar a crescer e colocar a inflação em níveis efetivamente baixos. Se conseguir, Lula volta e Alckmin será derrotado para o ex-presidente pelas segunda vez. Se não conseguir, Lula não deveria ser nem candidato. Será derrotado, encerrando de maneira melancólica a sua gloriosa carreira política

  6. Ontem notei outra coisa diferente na Folha e no Uol: boa parte dos que fazem comentários sujos às matérias sumiu. Terão eles perdido o emprego? Estariam abrigados no próprio jornal? Começou a existir alguma moderação mais séria dos comentários?

    Não somente as redes sociais, mas os comentários nos grandes portais de informação, são os grandes responsáveis por “dar voz a uma legião de imbecis”. Só que muitas vezes parece que os “imbecis” são fabricados, ligados e desligados de acordo com as conveniências da política rasteira.

    Seja o que for, me sinto mais confortável com a situação atual, onde não somos agredidos ao final de cada matéria lida na grande imprensa.

  7. Se vier mesmo o Alckmin eu acho que o PT deveria colocar o Haddad (caso confirme sua reeleição). O PT precisa de renovação!

  8. E o PIG trombeteia que a crise é do PT. Serra, Alkmin, o corno e o aspirador de pó estão em luta franca prá ver quem vai perder em 2018 pro Lula.

  9. Agora o datafalha, o PIG e todos os instrumentos da Casa Grande estarão unidos em torno do sonsinho. Vão fazer dele um candidato”popular”, haja transplante e operação plástica no carrasco de professores e papa hóstia coroinha do Pinheirinho. Todos os televisores estarão ligados na Globo, através das concessões de um certo Hawilla, no riquíssimo interior paulista, para destruir, ininterrupta e diariamente, as imagens do Lula e do PT. O coroinha e terapeuta que cortou 1,6 bilhão de reais da saúde e que deixou bairros inteiros sem água conta com a simpatia da Casa Grande e do seu porta voz, o PIG. Allez!

  10. Os tucanos paulistas mudaram o discurso, continuam pensando que o resto do Brasil é idiota.

  11. Como é bom e salutar a gente ler várias opiniões nos “Blogs Sujos”, já que no PIG ela é unanime.
    Ontem li a opinião do Nassif no CGN sobre essa mesma matéria da Folha: o editorial com o título “Submissão”.
    Me soou muito mal o título da matéria “O dia em que a Folha voltou a ser a Folha”. Um verdadeiro réquiem do jornalismo esgoto do qual o próprio Nassif diz copiado da Veja.
    Leio agora este post aqui no Tijolaço e fico desanuviado da má impressão que tive, em perfeita sintonia com a opinião deste blog.
    O Nassif as vezes viaja na maionese, embora um excelente jornalista.

  12. Agora vai pra não dizer outra coisa, o picolé de xuxu, acompanhado do FHC, do Aécim do pó e do cerra os brasileiros estão F… e mal pagos, é agua pouca na sabesp.

  13. Nassif é um excelente jornalista, um profissional sério, mas sofre de certos apagões ideológicos, ainda é muito paulista, acredita na força onipresente e onipotente do mito paulista na república brasileira. Ele ainda não se livrou do Brasil pelas lentes dos iluministas da pauliceia desvairada, acredita na redenção e arrependimento das elites. Caro Nassif, se espalhe por esse Brasil, interaja com a diversidade, sinta outras realidades, mude sua agenda, não tire apenas férias para viagens de sossego, aliás faça as duas coisas: torne a viagem um trabalho prazeroso. Valeu!

  14. O Cunha sonhava em ser esse candidato da direita Protestante.

    Só que candidatura à presidência não coaduna com a sua situação no STF em 2018, que deverá ser a de réu. Só escapa se for anulada a Lava jato.

    E no caso do deputado carioca, há mais do que delações, há indícios.

    Talvez isso explique o seu ódio pela presidente.

    O PT vai precisar do Lula mais do que nunca em 2018, seja para perder ou ganhar; perdendo com o Lula, deve conseguir eleger pelo menos 70 deputados federais; sem o ex-presidente, o partido sofre um duro revés.

    Mas, se os tucanos continuarem com esse discurso tolo contra o PT, é bem provável que percam pela quinta vez seguida – até porque, e isso é óbvio, quem não gosta dos petistas, vai votar automaticamente no PSDB. Os tucanos precisam dum discurso que conquiste os moderados, o que o Alckmin parece não ter entendido a considerar suas palavras na convenção do seu partido.

  15. Um governador que paga mal os professores, eu acredito que o mercado paralelo de drogas vai aumentar.

  16. O cara deixa faltar água no estado mais rico da federação, nenhuma obra, culpa o povo por esbanjar água, obriga a economizar (multas), o povo obedece, economiza e a Sabesp, com o povo consumindo menos, baixa seu faturamento. Solução: o governador aumenta a conta de água em 15% para recuperar o caixa da Sabesp e de seus acionistas. E os paulistas pagam e ficam quietos. Realmente é um chuchu para a Embrapa estudar….

  17. Aécio, o mineiroca, vai sentir o peso dos paulistas do psdb.
    Alckmin será candidato, caso tenha chance de vencer. Se não, o senado.
    Serra será o candidato, caso seja para perder.
    Aécio não se reelege senador por Minas.
    O playboy mimado aspirará carreira na Câmara, pelo foro especial.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *