A gargalhada quase final

Diz-se que gargalhadas espalhafatosas, sem motivo e descontroladas são uma reação à causa inicial de uma deterioração cognitiva.

Talvez Flávio Bolsonaro esteja certo, portanto, ao dizer, em entrevista logo antes da apresentação do relatório da CPI da Pandemia, onde o pai foi indiciado em nove crimes no processo que levou à morte mais de 603 mil brasileiros, que o pai Jair reagiria àquilo com uma de suas sonoras gargalhadas, e a imitou (veja o vídeo ao final do post).

Qualquer pessoa normal, diante de uma acusação de cúmplice de tantas mortes, indignar-se-ia e procuraria demonstrar sua inocência, explicando o que fez e justificando o que não conseguiu fazer.

Bolsonaro, não.

Vai atacar a CPI (“circo”), os senadores (palhaços), o relator Renan Calheiros (“vagabundo”), os cientistas (que desqualificaram a cloroquina), a OMS (comunista), a Coronavac (chinesa), João Doria (“calcinha apertada”) e os governadores e prefeitos (“fique em casa que a economia a gente vê depois”).

Como desqualificou como “maricas” os que recusavam expor-se ao contágio e criar logo a tal “imunidade de rebanho” que os cientistas aloprados do gabinete paralelo de charlatães defendiam, e repetir que “deu o dinheiro para comprar as vacinas”.

É por isso que é tão importante que se feche logo a aprovação do relatório que Renan Calheiros leu hoje na CPI – indiciando Bolsonaro e mais 65 pessoas em um total de 23 crimes – , cujos conteúdos e imputações já eram todos conhecidos. Com ele, a questão sai da esfera política e entra na judicial, onde gargalhadas não fazem efeito.

 

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