Esqueçam as redes sociais, que publicarão a foto de Jair Bolsonaro com Joe Biden dentro daquele espírito do “mais uma vez, a Europa se curva ante o Brasil”, ainda que, no caso, seja o Tio Sam.
Joe Biden não tem cacife para bancar o desgaste, mesmo sendo muito menos relevante por lá do que por cá, de um bilu-bilu em Jair Bolsonaro. Ao menos um pouco, terá de falar grosso – ou pelo menos friamente – com o presidente brasileiro que, além da carbonização internacional de sua imagem – levou na bagagem mais um escândalo amazônico: o desparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips, possivelmente emboscado por criminosos (traficantes de droga, de caça, de madeira, garimpeiros e congêneres, que contam com o desmonte da política de preservação da floresta).
Não é comum e serve de advertência a carta aberta que editores de vários dos mais importantes jornais do mundo dirigiram a Bolsonaro, carta cobrando dele o fato de que as buscas estão recebendo das “autoridades nacionais” brasileiras muito menos empenho do que esperava-se e, ainda assim, tardiamente.
Bolsonaro virou um “queima filme” internacional e Biden não tem muito filme para deixar queimar. A média das últimas pesquisas lhe dão uma reprovação líquida de menos 15,5% ( 39,6 de aprovação e 55,1% de reprovação), a pior marca desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro de 21.
O presidente brasileiro, de sua parte, também não poderá desfazer-se em sorrisos para Biden e está ciente de que seu marketing de machão exige que ele tenha uma postura fria e contida com um presidente que não tem boas notícias a lhe dar, exceto, talvez, um aceno com as sobretaxas cobradas do aço brasileiro, uma medida antipática para o eleitorado sindical do presidente norte-americano.
A situação, portanto, é a de uma loja de louças e Bolsonaro, com certeza, não é o personagem mais previsível nestes ambientes.