A ilusão do “fim da pandemia”

E, de repente, o fim da pandemia, que todos consideravam uma questão de pouco tempo mais lá fora, nos Estados Unidos e na Europa, se desmanchou, embora aqui ainda estejamos no clima de “já ganhou” em relação ao novo coronavírus, comemorando as “apenas” 500 mortes diárias. Afinal, como já foram mil, por que se preocupar.

Como no início da pandemia, porém, estamos ignorando os sinais do comportamento insidioso da doença, voltando a considerarmo-nos um “caso especial”, como no tempo em que o presidente dizia que poderíamos “mergulhar no esgoto” e não nos aconteceria, pois o brasileiro “merecia ser estudado”.

Hoje, a Organização Mundial da Saúde anunciou que “as mortes diárias por coronavírus na Europa podem chegar a quatro ou cinco vezes o pico de abril” diante do fato de , em outubro, o número de novos casos mais que triplicou em relação ao auge da pandemia, até agora, registrado em abril: de picos de 40 mil casos/dia para, ontem, mais de 131 mil em 24 horas.

França, Espanha e Reino Unido já decretaram medidas restritivas, a mais forte delas o “toque de recolher” determinado por Emmanuel Macron para vigorar a partir de amanhã em Paris e mais oito cidades.

Nos Estados Unidos, ontem, registraram-se 65 mil casos, contra recordes em torno de 75 mil, em julho, pior momento da pandemia.

Aqui, porém, “acabou”, não é?

É possível que algumas pessoas creiam ser alarmismo, mas muito mais creram que era em fevereiro, quando se chamava a atenção sobre o início da pandemia na Europa, quando se duvidava de sua capacidade de matar. “A dengue mata mais”, lembram-se?

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