A pátria do Herodes

Poucas vezes um Sete de Setembro pode ter sido tão deprimente quanto o de hoje quando se pensa em futuro, progresso e humanidade no Brasil.

É certo que a pandemia tornava obrigatório o cancelamento do desfile militar, mas o pequeno ato protagonizado por Jair Bolsonaro à frente do Palácio da Alvorada deu-nos a medida da avacalhação a que está entregue este país.

Era uma cerimônia fechada ao público, mas virou “aberta” ao grupo organizado de apoiadores do ex-capitão que surgiu, como um Herodes moderno, cercado de criancinhas de comercial de TV, filhas e filhos de seus ministros e convidados.

Todas, naturalmente, amontoadas no Rolls Royce presidencial que, um ano e oito meses atrás, serviu de playground para Carluxo e sua Glock.

Tudo se revestia de um clima de festa, como se não estivéssemos beirando os 130 mil mortos, na maior tragédia do país em 100 anos.

Não houve nada, senão festa de adoração ao “Mito” e à “Mita”, como foi saudada a sua mulher, receptadora dos inexplicados R$ 89 mil de Fabrício Queiroz, sacolejando-se bandeiras dos Estados Unidos e de Israel.

Não era a Pátria a quem se saudava, mas ao tosco personagem que a sequestrou do papel de mãe gentil e deu-lhe ares de estupidez e brutalidade.

É a pátria madrasta que festejavam, a que exclui, a que empobrece, a que se torna violenta eHerodes, como se sabe, não era romano, mas em nome de Roma governava.

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