A pequena loja dos horrores do “estado da arte” do capital

Quem assistiu ao musical, dos anos 80, lembra-se da metamorfose da pequena e dócil planta carnívora que vai se tornando gigante.

É uma imagem que ajuda a compreender o que se passa com o jogo do capital, que parece agora imunizado ao contágio das crises políticas e humanitárias.

Os analistas e mercado dizem que dois fatores tiraram os índices do buraco que vai se formando à medida em que se expandem os problemas na China: a declaração de um diretor da ONS e que eram desnecessárias tantas restrições a viagens e os lucros extraordinários da Amazon, anunciados ao final do pregão de Nova York.

Francamente, só mesmo sendo muito tolo (ou se fingindo de) para achar que isso atenua a realidade de um surto – com sinais de epidemia – de tal monta no centro industrial da China vá ser resolvido por viagens de executivos a Pequim.

 

Na sexta-feira passada, quando o mundo pareceu ter acordado para a seriedade do problema, havia 916 casos da doença. Sete dias depois, são 11 vezes mais: 9.8oo, segundo a Associated Press. Rússia, Inglaterra e Índia entraram na lista de países onde foram confirmados casos de infecção.

A evolução do número de vítimas fatais você vê aí do lado, num gráfico do The Guardian, inglês.

Como o incremento no número de casos permanece, nos últimos quatro dias, na mesma aterrorizante proporção, basta fazer a conta e pensar que, assim, em uma semana serão mais de 100 mil, a não ser que a velocidade de “positivos” se reduza. Não há sinal disso, até agora, apesar das medidas de proteção e isolamento impensáveis em sociedades ocidentais, como você pode ver, no final do post, num vídeo do jornal chinês Global Times, semioficial, onde pessoas sem máscara são advertidas a usá-las.

 

Ainda assim, o “mercado” faz contas de que existirão perdas apenas marginais nos negócios, comparando com a epidemia de Sars de 2003, quando a China era muito menos significativa no comércio mundial, cerca de 5 vezes menos que hoje.

Bens são, ainda, produzidos e consumidos por seres humanos e é mais do que certo que serão pesadas as consequências no consumo chinês.

Mas o “mercado” não se importa e faz tudo para manter o “tô nem aí”, como a China fosse um saco sem fundo de bons negócios.

O problema é que os fatos, ao contrário, estão aí, mostrando que este saco pode ser, e uma hora para outra, semifechado ao exterior.

Em outro post, adiante, trato de como nós temos a perder e estamos perdendo.

 

 

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9 respostas

  1. Continuo achando que essa epidemia tem uma boa dose de alarmismo. É uma gripe um pouco mais forte, nada mais. Gripes comuns matam, todo ano, 600 mil pessoas pelo mundo. A nuvem de gafanhotos na África, pode ser uma tragédia muito maior e poucos se incomodam. Ah, mas isso não afeta os mercados, então o mundo se lixa.

    1. enquanto um morto não se levantar do túmulo com fome de cérebros, eu não estou nem aí para o Corona vírus, a polícia mata mais que esse vírus em dois dias.

  2. Os EUA e demais vilões ocidentais precisam correr contra o tempo para disseminar o pânico e fazer propaganda negativa da China. Os chineses estão atacando o problema com seriedade. Já vimos outras epidemias do fim do mundo serem controladas, mesmo tendo feito (infelizmente) muitas vítimas. Mesmo lamentando as vítimas, eu não acho que será diferente com esta.

    1. com o celular numa mão, uma lata de cerveja na outra e escutando um sertanojo.Com a camisa da seleção brasileira e a inscrição DEUS acima de todos

  3. SARS (coronavírus), China 2003: taxa de mortalidade de aproximadamente 20% (ou mais). MERS (coronavírus), Oriente Médio 2012, taxa de mortalidade: 9,5%. Novo coronavírus, China 2020: taxa de mortalidade até agora: 2,27%. O novo coronavírus é mais contagioso porém menos letal que os anteriores que causaram surtos epidêmicos. Portanto, até agora, o alarmismo é desproporcional aos fatos.

    https://espanol.cgtn.com/n/2020-01-31/DBHCIA/fmi-es-demasiado-pronto-para-saber-como-afectara-el-coronavirus-a-la-economia-china/index.html

    1. Há, até agora, 11.374 casos confirmados. Registram-se 252 pacientes que se recuperaram e 259 óbitos. Há 3 dias atrás tinham sido registrados 6 mil casos. Isso significa que o número quase dobrou nesse espaço de tempo e a maioria dos pacientes deve estar na fase inicial da doença. Sem saber em que fase da evolução do quadro ocorreram os óbitos, a que classe de paciente atingiram com maior impacto e, havendo uma classe mais propensa a morrer da doença, qual o número de pacientes que nela se situam é impossível falar em taxa de letalidade. Alem do mais, pela velocidade com que se propaga e sem conhecer a efetividade das medidas sanitárias de contenção postas em prática, não é possível determinar quantas pessoas serão contaminadas e ficarão enfermas. Mesmo com potencial de baixa letalidade, dado o número de habitantes nas regiões afetadas o número absoluto de mortes pode elevar-se muito.

  4. Uma conhecida, cujo namorado é chinês e trabalha em uma filial de uma empresa chinesa no Brasil contou que ele se encontra, neste momento, em Shanghai, impossibilitado de viajar para voltar ao Brasil.
    A matriz da empresa para quem ele trabalha está há 10 dias paralisada, assim como as demais. Videos e fotos que ele enviou mostram uma cidade abandonada, praticamente, sem ninguém nas ruas, sem tráfego. Um ou outro transeunte e um ou outro veículo são vistos circulando.
    Há nas estradas barreiras sanitárias e há recomendação para que a população permaneça em suas casas.
    Como não tenho informação de primeira mão não posso atestar o fato peremptoriamente. Porém a pessoa que contou o fato não é dada a espalhar boatos ou a criá-los.

  5. os dados atuais indicam que há atualmente 9925 casos confirmados na China. 68% deles na região do foco original. Aparentemente, há uma contenção da contaminação. SE a contenção continuar eficiente, em semanas tudo ficará em ordem por lá. Já se houver contaminação no Brasil, corramos para as montanhas.

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