Jair Bolsonaro voltou a fazer a defesa da ditadura e a “passar pano” para os crimes ocorridos no regime militar, debochando de quem foi torturado, que disse terem “a pele mais lisa que a Branca de Neve.”
‘Ah me quebraram os ossos todos’, tira raio-x do cara e vê se tem algum calo ósseo”
Ninguém pode surpreender-se com isso. Desde sempre ele o faz, sem que a democracia brasileira, em seu legítimo direito de defender-se, tenha imposto a ele a responsabilização devida pela defesa de crimes.
Quando se procuravam as ossadas dos desaparecidos do Araguaia, recorreu à frase do malsinado Major Sebastião Curió e colocou nos corredores da Câmara dos Deputados um cartaz onde se lia que “Quem gosta de osso é cachorro”. Depois, no plenário, ao votar o impeachment, deu ares de herói ao torturador Brilhante Ustra, pelo “heroísmo” de haver seviciado Dilma Rousseff.
Parecia apenas ridículo, afinal. Mas era e é trágico, pois o autoritário “folclórico”, o demodê defensor de ditaduras militares foi empolgando tudo o que há de pior e desumano entre nós e levando o porão mental nossa sociedade a espalhar-se, como zumbis contaminantes, nas ruas do Brasil.
Numa tóxica mistura de armamentismo, milícia e fundamentalismo religioso, surfa numa onda de intolerância que ameaça afogar este país.
Tivemos uma primeira chance de deter este processo, mas preferiu-se usar o monstro para “limpar a área” do PT e de Lula, achando que, destruídos estes, seria fácil retomar o controle da política. Nem os destruíram aqueles, nem retomaram esta.
Temos agora a segunda chance, e muito maior, embora ainda tenhamos de enfrentar um derrame de dinheiro de véspera de eleição como jamais se viu na história deste país.
Durante mais de um ano, a mídia e a “gente bem” do país se deu ao luxo de brincar de 3a. Via, de nem-nem, de “recusamos a polarização” e outros autoenganos que, pacientemente, com uma política de alianças que mais ampla não poderia ser, o ex-presidente Lula abriu a todos, com dignidade, e que, ainda assim, é rechaçada por gente que vai ficando sem votos, porque a população entendeu que não há outro caminho diferente.
Não haverá tão cedo uma terceira chance.