Geraldo Alckmin, afinal, deu o penúltimo passo para sua candidatura a vice do ex-presidente Lula, nas eleições presidenciais de outubro, filiando-se ao PSB.
A posição lhe dá, ao mesmo tempo, obrigações e direitos.
A obrigação é a de fazer o que for necessário, politicamente, para que a chapa se apreente absolutamente unida e, assim como foi capaz no plano nacional, colocar as divergências históricas de lado para enfrentar o grande mal que caiu sobre este país, fazer isso no plano estadual, onde é indiscutível a força eleitoral de quem foi quatro vezes governador dos paulistas.
Compreendem-se suas ligações de amizade com Márcio França, como compreende-se que ele tivesse constrangimentos em que se deixasse a impressão de que ele condicionava sua entrada no partido à capitulação do pessebista, com uma desistência que pudesse parecer “troca” por sua entrada no partido e na vaga de vice.
A filiação faz isso ficar superado, mas é impossível acha que, com sua trajetória, Alckmin entre no partido como “soldado”, não como “general” (a expressão anda meio rebaixada hoje, vá lá).
Portanto, cabe-lhe também definir a formação de batalha no mais importante teatro eleitoral do país, São Paulo.
Há tempo para que isso se faça pelo convencimento, mas este convencimento passa, necessariamente, por um desarmamento do PSB em suas exigências, muitas pueris e egoístas, em matéria de posições de candidatos.
Alckmin deu uma estatura nacional que, de outra forma, o PSB não alcançaria. Certamente colherá prejuízos políticos em parte de seu eleitorado que resiste à ideia de apoiar Lula e, mesmo assim, fez uma opção corajosa, porque não lhe faltariam siglas anódinas para uma fácil eleição a deputado federal ou para tornar-se um favorito na disputa estadual, diante do que França teria muita dificuldade em enfrentá-lo.
Certamente tudo isso está sendo tratado nas conversas internas – coisas assim, em particular são diálogo; de público são cobranças – e vão aparecer nos próximos dias, assim como já estão acontecendo os ataques a Alckmin por sua opção.
Tudo, porém, importa menos que o gesto político que colocou divergências e décadas de antagonismo abaixo da causa de salvação nacional.
E que é, portanto, anos-luz maior que todo o mimimi vazio dos que vivem fazendo da palavra unidade uma expressão vazia e hipócrita.
