O adiamento da leitura e votação do relatório da CPI da Covid, que passou para a última semana do mês, é ruim sob todos os aspectos.
Não só revela que há divisões no bloco majoritário quanto à extensão das acusações que serão formuladas contra Jair Bolsonaro, seu ministros, seus filhos e outros personagens sombrios, como afeta a sua repercussão política das conclusões da Comissão, já fartamente conhecidas da população.
A falta de formalização dos resultados adia até as investigações que não serão previsivelmente retardadas pelo dócil Procurador Geral da República, Augusto Aras.
Há muitos outras que pertencem a foro estadual que devem começar ou avançar ainda neste final de ano e isso não é fácil diante dos dilatados prazos da Justiça e dos recessos judiciais do final do ano.
A grande vitória da CPI, em matéria política, foi alcançada pela revelação da conduta omissa e charlatã – esta até agora reiterada – do presidente da República. Deve-se evitar perdê-la no prolongamento exagerado que está acontecendo e que aqui já se havia apontado há um mês.
O mais provável, percebendo a resistência que não esperava, é que Renan Calheiros reduza o número de indiciados e que, em relação a Jair Bolsonaro, e ceda às pressões para que retirem-se as acusações por genocídio indígena, que não se revela apenas no combate falho à pandemia, mas em várias outras perseguições e violações a comunidades indígenas.
A superexposição de alguns senadores até há pouco desconhecidos também deve ser um obstáculo ao entendimento sobre o relatório, que procurarão em divergências e votos em separado (embora não contraditórios com o documento do relator.