Alvim só rabiscou o bigodinho

Os da minha geração, tínhamos a diversão de pintar, a esferográfica, bigodinhos-mosca nos retratos das figuras – em geral as antipáticas – nos jornais e nas revistas.

Tanto quanto os “chifrinhos” diabólicos que sobrevivem até hoje, era a forma infantil de revelar demônios onde antes alguns não os viam.

Ontem reproduzi esta foto de Bolsonaro, com um ar “possuído”, para ilustrar uma crônica em que ele dizia que pessoas de esquerda não eram “normais”.

Mas faltava algo na obra e esta noite o secretário de Cultura a completou.

Suas referências, estéticas e textuais, fizeram o papel da caneta dos meninos daqueles tempos.

Horas antes, Jair Bolsonaro, numa “live”, dizia que Alvim era justamente o que ele queria.

“Agora temos sim um secretário de Cultura de verdade, que atende o interesse da maioria da população brasileira, a população conservadora e cristã”

Roberto Alvim, o cênico, montou o cenário, o figurino, a trilha sonora para desempenhar a missão que o chefe havia designado.

Mas, empolgado e no afã de afirmar-se como o erudito da extrema-direita foi buscar o que só ele poderia conhecer, pois o texto goebbeliano que escolheu veio de uma palestra do ideólogo nazista a uma plateia de diretores de teatro, como Alvim, também um deles, poderia saber.

Deu azar de alguém, nos Jornalistas Livres, tê-lo na memória e ainda achar o livro à mão e criar o grande e imediato “furo” que engoliu toda a imprensa.

Imagine-se a cena de, hoje cedo, um assessor tendo de explicar a Bolsonaro quem era Joseph Goebbels e quem era – ainda mais difícil, Richard Wagner.

Este foi o erro de Alvim, apenas este, as notas de rodapé de sua fala.

Elas se desprenderam e voaram, em caprichosos rabiscos, para o retrato do chefe, fazendo com que a imagem valesse mais do que mil palavras – no caso, uma 130 palavras, porque não adianta ter uma montão de coisa escrita ali, talquei?

Igual, igual, igual ao que os riscos de canetas dos meninos fizeram com os heróis de Bolsonaro, naqueles tempos de ditadura.

Como o próprio Bolsonaro, diante de uma imagem sua com tal bigodinho disse que não ficava aborrecido – “Ficaria bravo se tivesse brinquinho, batom na boca e eles usassem isso em uma passeata gay” – , tomo a liberdade de desenhar o Bolsonaro que muita gente só viu esta manhã.

Demitido, a contragosto, Alvim certamente finalmente deu algum sentido à ideia de arte, neste governicho.

Nem que tenha sido graças a Glebels, Goibels, Gebleos, como é que era mesmo o nome do sujeito?

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22 respostas

      1. Corrigi o ato falho de misturar o Franz Lizt , tão ligado ao Richard. Perdão de novo. É a idade…

      2. Ele foi preso aqui no Brasil , negou….negou….mas acabou se suicidando provando que era mesmo O CARRASCO DE SOBIBOR, que por “coincidência”, foi muito protegido aqui pelo pai do BRUCUTU ARAÚJO, nazista notório e atual ministro de relacões exteriores do governo do nazista analfabeto Jair o Messias do Capeta.

  1. Mas gente, o fuhrer falou que tá sofrendo, que a vida dele acabou depois que virou presidente…. Verme nojento

  2. Governo de nóia, quando não é o bozo e bozoboys falando merda … É MINISTRO DA edecassaum, é a Damares sem sexo pra não engravidar, é um nazilatino. Eu teria menos vergonha se no lugar do bozo entrasse qq outro, até o temer e as caixas de dinheiro não falaria tanta besteira como o clã do bozo faz…
    E eu nem citei o YouTuber Olavo de Carvalho. o Criador de um planeta plano…
    _(“/)__/

  3. “Por razões de humanidade e lealdade pessoal” Goebbels disse que teria que permanecer no bunker junto de Hitler, onde os dois acabaram se suicidando. Os seis filhos de Joseph e Magda Goebbels, Helga, Hilde, Helmut, Holde, Hedda e Heide, foram mortos pelo doce casal. Assim acabaram os nazistas. O fim do fascista Benito Mussolini e sua amante também não foi nada bonito, terminaram pendurados de ponta cabeça num posto de gasolina. Que Bolsonaro continue com seu plano neo-nazista-fascista-dos-infernos até o triste fim.

  4. QUE MÉRKA, HÉIN! ESSA GENTE “DI ESQUERDA” QUE LÊ ALGO E NUNCA MAIS ESQUECE… KKK!
    ALVIM, CUJO NOME É OUTRO, VOLTA À PLANÍCIE E VAI TENTAR PESCAR UMA GRANA COM OS AMIGOS LÁ NO GOVERNO!
    O MULÉQUI VOLTA A SER UM RATO EM MEIO À SOCIEDADE…
    E BOSÓ TEM AINDA TRÊS ANOS CHEIOS PRÁ DESGOVERNAR O BRAZIL!

  5. Oi Pessoal, já que foi uma encenação ele poderia pelo menos ter dado os créditos, mas cabuloso e arrogante, quis tomar para si também a autoria. É muita petulância, né?

  6. “Antes de sair do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro ligou para o secretário Roberto Alvim. Ouviu que a relação do discurso feito por ele com o de Goebbles tinha sido uma coincidência e aceitou as explicações.”(G1)
    Se ele não copiou o outro e fez por convencimento, valha-me! É muito pior! Mas o que esperar de um governo que tem Ustra como herói e Olavo como inspiração?

  7. Alvim certamente ouviu de seus superiores o que eles pensavam e desejavam fazer com a arte e a cultura no Brasil. Procurando ser fiel a seus chefes, ele encontrou em Goebbels a expressão perfeita daqueles ideais e objetivos. Alvim fez um grande favor ao Brasil, porque reproduziu fielmente com antecedência aquilo que seus chefes pretendem fazer. E com isso botou a boiada a perder. É tão ignorante, que nem conseguiu prever a reação óbvia da comunidade judaica sobre o assunto. Alvim fechou a porta da arte e da cultura para o fascismo bolsonariano. Quem sabe não foi algum assessor anônimo que enfiou o texto em seu discurso (será que ele sabia a origem do que estava lendo?) para ver o circo pegar fogo? .

  8. Fernando Brito se superando, pois não há outro para superar. Li muitos textos sobre o ocorrido, mas esse é, de longe, o melhor. Fora a qualidade do texto, seu humor ácido é a cereja do bolo. Leio análises de muitos jornalistas excelentes, mas enquanto não leio o Tijolaço não consigo fechar minhas conclusões sobre esse hospício que virou o Brasil após as eleições de 2014.

  9. Tá na cara que o secretário especial da Cultura teve o apoio intelectual do ministro da Educação para turbinar o discurso dele.

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