Amanhã, a Anvisa “julga”, em tese, duas vacinas.
Mas, na prática, apenas uma vacina, porque a outra é uma, por enquanto, não-vacina.
A vacina do Butantã/Sinovac existe e, por isso, corre até o risco de, se aprovada, ser a única que teremos para que o Governo se defina, afinal, pelo seu “Dia D e Hora H”.
Já a vacina Oxford/Fiocruz ainda é uma projeção, pois não chegou ao Brasil, hoje, uma gota sequer para que a Fundação Oswaldo Cruz a envase e ponha em condições de ser aplicada.
Não chegou e não se sabe quando chegará, porque sequer há data – tipo “Dia D, Hora H” -prevista para a chegada do ingrediente ativo do imunizante.
Havia uma previsão para o dia 9, mas uma semana se passou e não há informação alguma sobre datas. Que, aliás, nem constam do corpo do contrato assinado entre a Fiocruz e a Astrazêneca, mas dos anexos que não estão disponíveis ao público.
Na Folha, lê-se que agora estamos “sem prazo definido para receber o imunizante” para a preparação das doses e que, dentro da Fiocruz, já se trabalha com a hipótese do “o calendário de março —ou até mais”.
A mais prestigiosa instituição de Saúde Pública do Brasil está sendo arrastada para o descrédito por este governo e usando a estratégia errônea de continuar fazendo de conta que tudo vai bem e não deixando claro que está dependendo de ações de governo para que o contrato que fez, em nome dele, seja respeitado.
Ao contrário, embarcou numa “aventura indiana” que não tinha significação sanitária, mas apenas política e que, para piorar, deu chabu e não vai parecer por cá tão cedo.
E são estes dados, os da fabricada na Índia, que serão analisados. No máximo, servirão para apressar a análise da que será fabricada aqui e, aí sim – e sabe-se quando – em escala relevante.
É por isso que se afirma que amanhã é apenas uma vacina que estará em aprovação e, mais que isso, se estará jogando com o plano nacional de imunização que, por longos dias, não terá outra vacina senão a Coronavac para existir.
A questão, nada irrelevante, é se o Governo Bolsonaro deseja iniciar uma processo nacional e massivo de imunização terá de fazê-lo com o que ele chama de “vachina” ou ‘essa de 50% é uma boa?‘.
Se, como parece óbvio, que não, há uma boa chance de o Butantan “ficar em recuperação”, pelo menos.