Estava sem postar por conta da necessidade de deslocamento e, com isso, ao que todos estão sabendo: a situação difícil em que se encontra o Rio de Janeiro.
Felizmente, desta vez e até agora, parece ser limitado o número de pessoas mortas ou feridas por conta do temporal: ao que eu pude me informar, há um homem desaparecido num rio na Baixada Fluminense, somente.
Posso testemunhar que a chuva foi fortíssima e os serviços de medição chegaram a acusar 180 mm de precipitação, o que é a chuva de um mês inteiro, entre a madrugada e a manhã de hoje.
Foi chuva demais, mesmo, mas não houve tantos desabamentos e tragédias físicas.
Mas há uma tragédia que só as pessoas simples podem entender.
A de perder tudo aquilo que, com capricho e trabalho, puseram dentro de suas casas.
Logo ao chegar leio que a Presidenta Dilma ofereceu ajuda ao Estado.
Modestamente, desejo – se puder chegar a ela por alguém – fazer uma sugestão de ajuda. Algo além do dever de investir em dragagem de rios, urbanização de áreas populares da periferia e construção de casas e apartamentos que substituam as moradias precárias. Porque muitas das que foram inundadas nem são precárias, são boas casas, lar de gente simples mas orgulhosa de tudo o que havia conseguido fazer para viver com dignidade e conforto.
Tudo isso está sendo feito e precisa ser feito em escala maior, mas não responde ao problema imediato de quem perdeu tudo em casa.
Presidenta: determine que os prefeitos do Rio, de Nova Iguaçu e dos outros municípios da Baixada atingidos abram um cadastramento imediato de todos os que tiveram móveis e eletrodomésticos arruinados pela enxurrada e autorize, excepcionalmente, seu cadastramento no programa “Minha Casa Melhor“, para que possam, como o sacrifício que sempre fizeram, comprar de novo geladeiras, fogões, sofás e armários que perderam na chuva.
Eles não precisam de caridade, mas de um programa como este, que lhes dê um prazo de carência para começarem a pagar, que alonguem os prazos das prestações e reduzam os juros que nossa mídia sempre empurra para cima.
Quem sabe até os prefeitos e o governador, que são os principais responsáveis pela conservação da drenagem das ruas e dos rios e canais também assumam parte nisso, e ajudem também.
Sei que o programa tem um planejamento, que é feito para beneficiar os adquirentes do Minha Casa, Minha Vida. Mas o pessoal das casas inundadas e que, tomara, amanhã ou depois vai estar tirando a lama de dentro delas, também tinha ali a sua casa e sua vida.
Sabe, presidenta, quando o pessoal joga na rua e incendeia restos de móveis, em meio à lama, não é para fazer arruaça.
É como se estivesse chorando a dor de perder o que foi duro de conquistar, mas se conquistou nessa década em que nosso povo pôde melhorar um pouquinho a vida.
Ele pode conquistar tudo isso de novo, se continuar contando com um governo que não quer só dar um colchonete, uma cesta básica, e que não esquecerá dele quando as águas baixarem.
6 respostas
Oportuníssima sugestão! Parabéns, a propósito, pela obra toda!
Só não quero que você vire ” politico”.
Senão some daqui…..PARABÉNS….está
próximo é conhece do que acontece.
Isso é cidadania, pensar no próximo, como se conosco fosse.
Obrigado Fernando, por este excelente Blog e pelo exemplo de cidadania.
Fernando, a idéia é ótima. Sei que há no orçamento da União uma verba específica para ser usada em casos de calamidade pública. O “funding” poderia vir daí, e com isso não comprometeria os recursos originais do programa. Além do mais, mesmo que sejam milhares de famílias, cinco mil reais para cada uma já resolveria os eletrodomésticos mais importantes (fogão, geladeira) e móveis de quarto, o que já é um bom recomeço.
Parabéns pela idéia excelente. Tomara que alguém ouça naquela terra de moucos que é Brasília.
Caro Brito. Queimados talvez seja a cidade que mais sofre com as enchentes na Baixada porque é uma cidade transitiva para o escoamento das águas até o Rio Guandu.
O Rio Abel, que corta o centro da cidade, recebe toda a água vindas de Austin-Nova Iguaçu, além das que se origina do Rio Camorim. Toda essa água acaba por desaguar no Rio dos Poços (que limita as cidades Queimados e Japeri). O Rio dos Poços é o principal rio que recebe toda a água de Japeri e é bom lembrar que, neste caso, são as fluviais, provenientes das chuvas, e do próprio esgotamento sanitário, uma vez que não se faz duas redes de escoamento. As águas das chuvas acabam por se misturar com o esgotamento doméstico e tudo isso vai para o Rio dos Poços. Este rio deságua no Rio Guandu.
Ora, se não acontecer um projeto intermunicipal para reter água da chuva, para reaproveitamento ou tão somente para retardar chegar aos leitos dos Rios, vamos continuar a ter que distribuir colchões e cestas básicas para as vítimas das enchentes.
Existe um projeto em que o poder público instala nas residências três manilhas de 1m de diâmetro com 1,2m de profundidade (cerca de 1000 litros) cada. A segunda só começa a ser enchida quando a primeira estiver cheia, e a terceira quando a segunda estiver cheia. Cada residência pode reter até 3 mil litros de água.
Além disso, as grandes empresas que possuem grandes galpões e grandes coberturas poderiam fazer cisternas com capacidade para até 10 mil litros de água. Muita água, mas muita água mesmo, poderia ficar retida evitando enchentes ou, na pior das hipóteses, diminuindo o impacto causado por elas.
Onde se lê: “toda a água vindas de Austin-Nova Iguaçu, além das que se origina do Rio Camorim…” Leia-se “toda a água vinda de Austin-Nova Iguaçu, além da que se origina no Rio Camorim”