Semana passada escreveu-se aqui que passaríamos a ter “duas inflações”, a da classe média e a dos pobres. Deflação no posto, inflação forte no supermercado, em resumo.
O IPCA-15 de 0,13% de julho veio confirmar isso.
Em julho, os preços administrados – cuja fixação depende do governo – caíram 1,5%. Já os preços livres aumentaram 0,72%.Faz tempo que não se usa a expressão “desequilíbrio dos preços relativos”, que era a crítica de 11 entre 10 economistas à situação da economia no período final do governo Dilma.
O grupo de despesas com transportes caiu 1,08%, por conta da redução do preço da gasolina (-5,01%) e do etanol (-8,16%). Ms não há queda no preço do transporte dos mais pobre – ônibus, trem, metrôs.
Já a alimentação, grupo com mais peso para quem ganha menos, segue em disparada, com aumento de 1,16%.
Para o universo de famílias que ganham até 5 salários mínimos, só o item alimentação representaria, com a ponderação dada pelo INPC, 0,32% de aumento.
E, assim como o IPCA é uma ponderação entre famílias com renda de até 40 salários mínimos e o INPC, até cinco, esta disparidade é maior quanto menor é a renda.
A inflação do mercado, com certeza, não é a inflação do supermercado.