As mentiras do senador Molina

Nesse artigo, Jânio de Freitas revela que era mentira que o senador Molina, exilado na embaixada do Brasil em La Paz, não pudesse receber visitas de familiares. Sua filha ia lá todo dia. O colunista também faz uma denúncia da ética de dois pesos e duas medidas da nossa mídia. Ficou apoplética quando o Congresso não cassou o mandato de Donadon, e agora festeja como herói um dos políticos mais corruptos da Bolívia.

Eu destaco esse trecho, que traz elementos ainda pouco divulgados sobre o senador Molina:

Agora, pelo menos soçobraram mais duas mentiras da história cabulosa de alegada fuga. Uma das razões do sofrimento do senador Roger Pinto no DOI-Codi do Itamaraty em La Paz, a considerar-se a explicação do diplomata Eduardo Saboia para trazê-lo, era estar impossibilitado até de receber visita da família. A filha residente em La Paz disse agora que visitava o pai todos os dias. Aliás, já se sabe que lhe levava pratos do seu especial agrado.

(…) também a gravidade cardiopática do senador Roger Pinto foi fator da comoção caridosa do diplomata Eduardo Saboia. Indagada, a moça quis confirmar o mau estado de saúde do pai: “É, nos rins”.

O sofrimento corrupto – JANIO DE FREITAS

FOLHA DE SP – 01/09

Roger Pinto recebeu o privilégio de uma liberdade que o governo brasileiro precisaria ter explicado

Se o senador boliviano Roger Pinto é “considerado imigrante comum” pelo governo brasileiro, é porque tem permanência no Brasil sem restrições legais. Mas o senador não a tem. Tanto que solicita a condição de refugiado, e seu motivo para isso é bastante eloquente: a Interpol tem um pedido do governo boliviano para capturá-lo como condenado por corrupção.

O senador Roger Pinto também não é asilado. O asilo que lhe permitiu resguardar-se na embaixada brasileira perdeu validade ao deixá-la, como é próprio desse denominado asilo diplomático. O asilo territorial, que vale como um visto de permanência, nem sequer está pedido pelo senador, cujo advogado considerou-o mais problemático do que a condição de refugiado, dada a necessidade de comprovar razão política para a concessão.

O senador Roger Pinto está, portanto, em situação idêntica à de Cesare Battisti no seu momento de notoriedade aqui. Não é imigrante comum, não é refugiado, não é asilado político e é condenado em fuga de seu país. Mas Cesare Battisti, que aqui serve para exemplificar incontáveis casos, foi preso pela Polícia Federal em razão da mesma presença sem amparo legal. E preso ficou até que Lula desprezasse a Justiça italiana e o liberasse da sentença por associação com quatro crimes de morte.

O senador Roger Pinto recebeu o privilégio de uma liberdade que o Ministério da Justiça brasileiro, ou o Planalto, precisaria ter explicado publicamente. Se pudesse. E quando o governo deu uma explicação esporádica, foi como o fez o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams: “O que o Conare decidir está decidido”. O Conare, Comitê Nacional para os Refugiados, considerou fundada a extradição de Battisti pedida pela Justiça e pelo governo italianos, e Lula fez valer, com o benefício, a palavra final do presidente.

Agora, pelo menos soçobraram mais duas mentiras da história cabulosa de alegada fuga. Uma das razões do sofrimento do senador Roger Pinto no DOI-Codi do Itamaraty em La Paz, a considerar-se a explicação do diplomata Eduardo Saboia para trazê-lo, era estar impossibilitado até de receber visita da família. A filha residente em La Paz disse agora que visitava o pai todos os dias. Aliás, já se sabe que lhe levava pratos do seu especial agrado.

Para completar o isolamento, também a gravidade cardiopática do senador Roger Pinto foi fator da comoção caridosa do diplomata Eduardo Saboia. Indagada, a moça quis confirmar o mau estado de saúde do pai: “É, nos rins”.

Nota do Ministério da Justiça boliviano, no começo da semana passada, referiu-se a “13 processos judiciais por atos de corrupção e uma condenação a um ano de prisão por dano econômico ao Estado” como culminâncias biográficas do senador Roger Pinto. Diante disso, só mesmo lembrando o que disse um jornalista que toca comentário em uma rádio: “Aquele senador sofrendo ali… Eu até entendo a atitude desse diplomata Eduardo. Foi, no sentido humano, muito correto”.

Por essas é que não tenho dúvida do equívoco que se seguiu à vitória do deputado Natan Donadon na Câmara. Por que a indignação? Prevaleceu a coerência entre o resultado e o ambiente humano e político que o produziu. E, ainda maior, a coerência com uma sociedade em que a corrupção é ruim ou boa dependendo da exploração política que permita. O que também é uma forma de corrupção.

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13 respostas

  1. Essa história de asilo foi o que desgraçou a ditadura, pois sem isso ficou sem poder colocar as mãos nos maiores corurptos do Brasil e depois esses voltaram e contamiram todo pais.

  2. Se ele fosse um assassino sanguinário como Bastiste, todo revolução, se vier, precisará de gente de outros cantos para matar nativos, pois nativos são molengas, por isso Che matou cubanos como se tivesse matando porcos. teria todo apoio da esquerda

  3. A Interpol deve dar a ele suas ópções: Ficar metido na Papuda ou dar um jeitode fugir sorrateiramente pro Paraguai. Se ele quiser ficar aqui no Brasil até seu processo ter um desfecho que ele fique na Papuda, do contrário vamos dar um jeitinho dele fugir e se juntar aos Paraguaios que são adeptos de gente como ele.

  4. A indústria bélica e petrolífera precisa de um empurrão.

    Fabricar motivo é especialidade dos governos/mídias.

  5. Tinha é que se levantar se ele é culpado de tais atos expostos nesses processos, se sim mandá-lo de volta, pois já chega os corruptos daqui, ainda vamos importar mais um.

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