É preciso dar nome às coisas pelo nome que elas merecem.
Terrorismo tem este nome porque se destina a implantar o medo extremo, isto é, o terror.
E está claríssimo que o bolsonarismo, a começar do seu chefe, quer incutir o medo ao eleitores de Lula. E cada um de nós pode ser testemunha de que isso funciona: quem não deixou de usar uma camiseta, de fazer um comentário, de tirar um adesivo da camisa ao entrar em um bar, um restaurante?
Se isso acontece, acontece com intensidade, é claro que a natureza dos crimes – e não apenas o bárbaro assassinato de sábado à noite – visam amedrontar e afastar as pessoas do exercício do seu direito à livre manifestação política. Portanto, da democracia.
Esta, mais do que qualquer suspeita de parcialidade na investigação por conta de que a delegada do caso – até agora – tenha posições políticas hostis ao PT, é a razão para que seja federalizada a ação criminal.
Dificilmente, porém, a hipocrisia nacional permitirá que isso ocorra.
“É um assassinato destes que ocorre todo final de semana, de gente que provavelmente bebe e extravasa as coisas”, diz o general vice-presidente Hamilton Mourão, este marco da estupidez reinante.
A imprensa, salvo exceções, diz que é crime de “possível” motivação política, embora todos os fatos, testemunhos e imagens mostrem isso, claramente.
Os políticos, em geral, comportam-se como portadores da “Síndrome de Poliana”, uma tendência a var tudo pelo “lado bom” (se pudesse haver algum em assassinatos) e de que as coisas se resolverão sozinhas, em uma ação incisiva.
Falar em “polarização” dando o mesmo sentido a alguém que vai a uma festa alheia disparar uma pistola e fazer uma festinha com bolo e balões de gás com o símbolo do PT não podem ser chamados igualmente de “radicais”.
Não, o atentado tem lado e tem um mentor remoto, aquele que açula o uso das armas.
O exemplo, sempre, vem de cima, ainda que o de cima seja um dos homens moralmente mais baixos do país.