Há pouco de informação sobre a autoria do assassinato de vereadora Marielle Franco, do PSOL, mas todas as evidências indicam que ela e seu motorista foram vítimas de exterminadores e não de assaltantes fortuitos. As marcas dos tiros, concentradas na parte posterior da janela do banco traseiro, onde ela viajava, indicam que havia um alvo determinado e premeditado.
Numa cidade onde uma intervenção na área de segurança e, por isso, mais sujeita a batidas e blitzen policiais, isso significa que quem se dedica à indústria da morte não está nem um pouco intimidado por isso.
Uma mulher negra e nascida na Favela da Maré, numa dramática ironia, acaba sendo vítima de um crime brutal cujos autores em nada se sentiram contidos porque a intervenção na segurança se volta contra gente negra e nascida nas favelas como Marielle. Mais simbólico ainda é o fato de que ela integrava a comissão de vereadores destacada para acompanhar a intervenção na segurança pública.
A repercussão do caso, porém, indica que, ao menos desta vez, haverá apuração rápida do crime. Neste momento, o caso já está tendo uma repercussão – aqui e lá fora – que torna impossível que esta morte, como ocorre com a de tantas mulheres negras de origem pobre, caia no esquecimento da hipocrisia.