Bastidores -nada ocultos – de uma vergonha

A repórter Sonia Racy, no Estadão de hoje, relata como, como se “resolveu” a mais grave crise institucional do país em quase 40 anos: com a simplicidade com que se apazigua uma discussão sobre um jogo de futebol.

E é o próprio Michel Deixa Disso Temer, divertido, em meio a uma mesa de amigos num restaurante árabe, sem o menor pudor quem o relatou a Racy, por telefone:

“Recebi telefonema dele na quarta-feira à noite. Indaguei como é que um presidente da República pode chamar um ministro de canalha. Disse que isso pegava mal para ele”.

É este o problema, o “pegar mal para ele”? É tudo um problema de aparências, não há problemas em que Bolsonaro pense e aja em relação aos que acha “canalhas” se ele não disser em público? A harmonia entre poderes é apenas uma fachada hipócrita?

Mas a coisa segue: Temer relatou que trocou uma “ideia com Alexandre”.

Trocou uma ideia?

Coisa assim, como a gente, num papo entre amigos, dissesse: “Pô, Xandão, liga não, o cara é maluco, só fala m…”

O “cara” é o presidente da República, chefe das Forças Armadas e governante – se acaso governasse – de 214 milhões de pessoas, mesmo com as 600 mil que se foram pela pandemia!

Bem aí, o velho treteiro da República, vaidoso, diz que escreveu a carta e pôs a questão. Topa-la-ia o presidente?

Topou. Mas pediu duas horas porque, segundo Temer, “ele queria mostrar para alguém”.

Quem foi, ao Braga Netto? Ao Heleno? Aos filhos? Ao Wassef, seu consultor jurídico?

Bem, o relato de Temer, leve como quem trata de massa de bolo, diz que Temer colocou o telefone no viva-voz para que o presidente falasse ao ministro Alexandre Sai Daí, Seu Canalha de Moraes para alguma coisa que seria um diálogo elevadíssimo. E que a gente pode imaginar ser bem assim:

Ô Xandinho, foi mal aê no tocante a esse canalha, eu estava sabe, no – como é, Temer? – é, naquele “calor do momento”, ainda tava embrulhado com o leite condensado com pão que comi na viagem”. Que isso, né, parceiro, tamo junto, né? Vê lá se eu vou brigar com gente de saia, mulher e juiz a gente sempre bota o galho dentro, no bom sentido, talquei? hahaha. “

E…pronto! O país está em paz, as instituições estão funcionando, o que aconteceu já passou, deixa pra lá, vamos em frente tocar rock na churrascaria, não é Ministro Fux?

 

 

 

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *