Bitcoins, a tulipa e os faraós

É conhecida no mercado financeiro a história da “Bolha da Tulipa”, ocorrida na Holanda no século 17, quando uma febre de investimentos nos bulbos daquelas flores se espalhou, fazendo um deles custar o equivalente a duas toneladas de manteiga, conta o historiador inglês Mike Dash, em seu livro Tulipomania.

As criptomoedas (uma delas dá nome ao coletivo, o Bitcoin) parecem ter virado a tulipa virtual de nossos dias. De novembro para cá, despencaram de US$ 67 mil por unidade para pouco mais de US$ 20 mil. 70% de queda ou, traduzindo, uma perda de 7 mil dólares para cada 10 mil dólares investidos em bitcoins.

Aqui, tivemos até um “Faraó do Bitcoin”, na cidade de Cabo Frio, que a pretexto de negociar tais criptomoedas, arrastou milhares de pessoas para um estelionato que prometia (e até pagava, nas primeiras vezes) juros de 10% ao mês.

Mas não foi só por lá. No mundo, grupos financeiros e industriais correram para a moeda virtual, ansiosos. No Brasil, em apenas um ano, 250 mil empresas passaram a investir seus ativos em criptomoedas, segundo a Receita Federal. Somadas às pessoas físicas, as transações com a moeda digital atingiram R$ 64,3 bilhões no ano passado, um crescimento de 73,3% sobre os R$ 37,1 bilhões em 2020.

Não é possível saber, claro, se o desabamento do bitcoin vá seguir no mesmo ritmo e se as criptomoedas não “virar pó”, como se diz no mercado financeiro. Mas não ache que ela era uma mera diversão de nerds e influencers da internet e não um ativo relevante no rol de ativos dos grandes grupos econômicos, apenas porque não é algo que faça parte da realidade para nós, meros mortais.

Afinal, em 2008, é provável que você nunca tivesse ouvido falar em subprime e foi o que foi.

Embora com dados atrasados (de fevereiro do ano passado), o gráfico aí de cima dá ideia do tamanho do problema.

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