É descarado, porque nasce com data para terminar: dezembro de 2022, tão logo tenha acontecido a eleição presidencial.
O “Auxílio Brasil” de 400 reais, dobrando o atual “Bolsa Família”, ainda assim, é o maior trunfo eleitoral que tem Jair Bolsonaro para disputar a reeleição, pelo efeito que vai produzir sobre os 17 milhões de famílias – 3 milhões além das atendidas pelo Bolsa Família – com um valor algo além do dobro do que se paga hoje, desconsiderado ao auxílio emergencial que ainda se paga.
Mas está longe de ter a força que teve, em 2020, o auxílio emergencial de 600 reais, porque este atingiu 67 milhões de pessoas e, estima-se, perto de 35 milhões de famílias. Além disso, em valores reais, há que descontar a inflação do período, que igual os R$ 400 a R$ 360 dos tempos do “auxílio Covid”.
Os colunistas políticos e econômicos atribuem o fato de ser sido concebido como medida transitória como mero artifício contábil e jurídico para não serem consideradas as despesas que vai acarretar como “fora do teto” de gastos, mas penso que o dado essencial é político.
É criar o terrorismo de que, não vencendo Bolsonaro, o auxílio será retirado dos pobres pelo novo governo.
Um dos problemas é que o adversário viável de Jair Bolsonaro é, “apenas”, o instituidor do Bolsa Família e, por isso, este argumento tem menos chance de “colar” contra Lula. Outro, que a espiral inflacionária atinge também quem está fora do auxílio e, com isso, ajuda a aumentar o desgaste do governo.
O povão é mais esperto do que possa parecer e precisa do dinheiro, enquanto durar o “Auxílio-Voto”
Terá, sim, efeito eleitoral, mas muito menor do que pretende o governo.
É que primeiro vem o auxílio e só no final do voto, e há um ano entre eles.