A quinta-feira começou com alguns bloqueios de estradas, mas é visível que este movimento está politicamente acabado e o ponto de viragem não foi nem as falas “1 e 2” de Jair Bolsonaro, tardias e de indisfarçável simpatia pelos que faziam arruaças, mas a entrada das forças policiais dos Estados na liberação das vias, diante da evidente simpatia da Polícia Rodoviária Federal às ações ilegais.
Já é hora, portanto, de ver aquilo que é o rescaldo político do espasmo pós-eleitoral do bolsonarismo.
E a primeira constatação é que isso diminuiu a expressão política e institucional do ainda presidente e de seus adeptos, ao mesmo tempo em que acentuou – e muito – a sua periculosidade.
Entre políticos, militares e integrantes do Judiciário e do Ministério Público, mesmo os que não tem nenhuma simpatia por Lula, há um consenso de que se precisa isolar e enfraquecer os movimentos de extrema-direita, mesmo não assumindo uma posição de contestação a Bolsonaro.
O ovo imediato do golpismo gorou e, embora haja outros no ninho, os próximos dias serão de clima propício ao restabelecimento de um clima de normalidade no país e de reconhecimento de que o novo governo deve ter condições de estruturar-se.
Com concessões, claro, mas com a manutenção de seu eixo de progresso social e retomada do desenvolvimento econômico. E que podem e devem ser feitas, porque o penhor dos compromissos da campanha está nas mãos mais que provadas de Lula.
Não ceder às provocações e esperar que o processo político se encarregue de fazer com que o país expile o ovo podre do fascismo, o que será lento e doloroso, sem perder a nossa capacidade de, nos próximos anos, manter a unidade e a mobilização das forças democráticas é o nosso paciente dever.