Os relatores do Orçamento – escolhas pessoais de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco – ficaram em maus lençóis com o decreto publicado hoje por Jair Bolsonaro com a determinação de que o Governo divulgue, em 90 dias, todas as solicitações que fizeram para a liberação de emendas do chamado “orçamento secreto” (as emendas de relator, classificadas sob o código RP-9).
E, formalmente, as solicitações são deles, embora todos saibam que são de deputados e senadores a quem Pacheco e Lira mandaram atender, sabe-se lá em troca de que posicionamento tomariam em votações politicamente importantes no Congresso.
O ex-Secretário de Governo da Presidência, general Luiz Carlos Ramos, diz que “”é de competência legal do relator do Orçamento, e não da Secretaria de Governo”. Tira o Governo da reta e empurra tudo para a Câmara e para o Senado.
Os relatores, é claro, não podem dizer que receberam os pedidos de verbas rabiscados em um papel de pão.
Não importa que o decreto presidencial não determine a autoria inicial do pedido, porque a revelação do destino que as verbas tomaram vai deixar isso claríssimo no meio político e isso será o suficiente para o “ele ganhou tanto e eu só ganhei a metade”.
Numa base governista já trincada pelas disputas eleitorais para reeleger-se daqui a 11 meses, um desastre total.
Bolsonaro sabe que não é daí que lhe virá o apoio eleitoral para outubro de 22 e que a “classe política” dá mais voto apanhando do que apoiando.