Em nova ofensiva golpista, Jair Bolsonaro aumenta a pressão, mas dissimula o alvo.
Diz que sua agressão “não é contra o TSE nem contra o Supremo” mas “contra um ministro do Supremo, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, querendo impor a sua vontade.”
Em seguida, fez a ameaça de um ultimato, com um novo ato na Avenida Paulista:
“Se o ministro [Luiz Roberto]Barroso continuar sendo insensível. como parece que está sendo insensível, quer um processo contra mim, se o povo assim desejar – porque eu devo lealdade ao povo brasileiro – uma concentração na Paulista para darmos o último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia. Repito: o último recado, para que eles entendam o que está acontecendo e passem a ouvir o povo, e passem a entender que o Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, e não um pedacinho dentro do DF, eu estarei lá”.
Não é Barroso, mas a Câmara dos Deputados e o Senado da República que decidem as formalidades do exercício do voto, se impresso, eletrônico ou misto e, portanto, é a eles que o “último recado” está sendo dirigido.
Bolsonaro quer personalizar em Barroso o que é seu ataque às eleições e é por isso que se tem criticado duramente a tibieza do presidente do STF, Luiz Fux, e o inaceitável silêncio dos presidentes das casas do Legislativo.
Até porque as eleições a que o presidente se refere são, também, as eleições parlamentares, a menos que se ache que as acusações de fraude sejam sobre uma urna infiel no voto presidencial e verdadeira no voto para deputados e senadores.
Se há um pingo de sinceridade nas alegações de Fux sobre “diálogo”, o que deveria fazer é chamar os presidentes da Câmara e do Senado para uma tomada de posição conjunta sobre os arreganhos de Bolsonaro.