Bolsonaro ganha apenas o que dá para “matar” Alckmin

O Datafolha que sai amanhã registrará, claro, ganhos para a candidatura Jair Bolsonaro, como era óbvio após os acontecimentos de Juiz de Fora.

Nada, porém, segundo avaliam as pesquisas instantâneas (os trackings telefônicos) que sustente, nem de longe, as previsões mirabolantes de seus adeptos, de que estariam perto de viabilizar uma vitória de 1° turno.

Lauro Jardim, em O Globo, cita duas destas enquetes que registrariam uma subida de três pontos. Já Andrei Roman. da consultoria Atlas Político, que faz este trabalho para clientes privados, estima que o candidato fascista vá chegar ao redor de 26%, o que chama de seu “teto” eleitoral.

Bolsonaro, por sua trajetória pregressa, não consegue vestir o figurino de vítima – embora o seja, neste episódio – e não consegue sequer se conter, como mostra na inacreditável fotografia “bangue-banque” de soro e camisolão de hospital que está nos jornais.

Mais importante que isso, porém – até porque são eventos sobre os quais a capacidade de intervenção é baixa e que, salvo por fatos novos, já começam a deixar para trás o instante de pico de sua influência sobre o processo político – são os desdobramentos que nos trazem sobre as quatro exíguas semanas até a eleição.

Ao que é dado sentir e com as poucas informações que se tem, o prejuízo maior fica na conta de Geraldo Alckmin, que precisava desesperadamente atrair eleitores conservadores que, afinal, acabam sendo empurrados para o ex-capitão. Nada vem e algo vai é o pior dos mundos para o candidato tucano, em visível processo de “cristianização” até mesmo em seu reduto paulista.

Ciro, tardiamente, começa a emitir sinais ao eleitorado lulista mas, a esta altura, já não pode se apresentar como seu herdeiro eleitoral. Marina, por sua vez, opta por permanecer no lotadíssimo território dos “nem-nem”: nem Bolsonaro, nem Lula que, adora, não chega a representar um terço do eleitorado, para ser dividido entre dez candidatos ou, ao menos, a meia dúzia que “existe” eleitoralmente.

E isso deixa o espaço ocupado por Lula (entre 35% e 40%) folgado o suficiente para que, ainda que seja lento, o processo de transferência de votos para Haddad baste para levá-lo ao segundo turno e dar início a um novo cenário.

 

Fernando Brito:

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