Jair Bolsonaro não está denunciado em nenhuma ação penal e nada indica que venha a ser sendo Augusto Aras o Procurador Geral da República e Arthur Lira, o presidente da Câmara, que teria de aprovar a abertura de processo contra ele.
Pelo menos enquanto continuar no Governo tem esta “tranquilidade”. E com as maiorias de que dispõe no parlamento, não teria dificuldade de negociar mecanismos que o deixassem continuar “seguro”.
O mais provável é que o “não vou ser preso” de Bolsonaro se refira a seus filhos trambiqueiros, justamente porque os inquéritos sob a condução de Alexandre de Moraes estão cada vez mais próximos de evidenciar suas ações ilegais.
Só que Bolsonaro levou as coisas a um ponto que obteve uma quase unanimidade contra si no Supremo Tribunal, exceto por um constrangido Nunes Marques, ministro terrivelmente bolsonarista.
“Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha”, “Não cumpro mais decisões deste ministro” e “pega o seu boné e vai embora” são frases que ele só poderia dizer do alto da torreta de um tanque e ele não está numa.
É óbvio que o Supremo Tribunal Federal vai reagir, institucional e judicialmente. Não terá melhor sorte no Senado e mesmo na Câmara, com o dócil Arthur Lira, abriu uma linha de confronto, voltando à questão do voto contado manualmente.
O mesmo ocorrerá na Câmara e muito mais no Senado. Coisa alguma passa, nem título de cidadão honorário.
Jair Bolsonaro não consegue sustentar suas bravatas, como esta da convocação do Conselho da República, para a decretação de um possível Estado de Defesa, já trocada por uma reunião ministerial, certamente com uma vocabulário pior do que aquela da saída de Moro, que a Justiça tornou pública.
O presidente, à frente de um não-governo, não tem mais o que fazer, senão danos ao país, ocupando o Palácio do Planalto. E, portanto, desistiu de qualquer diálogo ou articulação política.
Seu único objetivo, agora, é preservar a impunidade e a sua própria.
Mas até nisso a coisa ficou-lhe mais difícil. O impeachment, que já parecia enterrado, levanta de novo a sua mão e agora com pressões de outros poderes, o que não havia.
E por infrações as mais graves, como as são a de atentar contra a autonomia dos poderes republicanos.
Bolsonaro tem talento como demagogo, mas demagogia não é inteligência, é apenas esperteza.
E gente muito esperta é burra.