Brigar com fatos não é bom negócio

Do velho “contra fatos, não há argumentos”, Ulysses Guimarães sintetizou a expressão “Sua Excelência, o Fato”, para dizer-nos que este merece respeito no trato, mesmo quando vamos contestá-lo.

E o fato, explicitado não por uma ou duas, mas por todas as pesquisas de opinião é um só: neste momento, Lula é disparado o favorito para a eleição de 2022. Ponto. Esta é a realidade com a qual não se deve brigar, embora qualquer um possa usar métodos legítimos e democráticos.

O que pode mudar este quadro que os levantamentos de opinião pública desenham não é “torcida”, nem serão conversas de bastidores entre todos os que torcem o nariz à volta do ex-presidente ao poder.

Muito menos, como dizem os “negacionistas” eleitorais, o fato de que, acesos (mais) holofotes da campanha, os temas do lavajatismo vão desgastar a candidatura lulista a ponto de reverter o panorama que, há seis meses, ao contrário de esmaecer, pinta-se com cores cada vez mais fortes, suficientes, até, para liquidar o processo eleitoral sem segundo turno.

Ontem, um destes “negacionistas” quase chegava a lamentar que Lula tivesse diferença tão acachapante entre os eleitores mais pobres. “Resolver” o problema eleitoral das elites por aí seria, até, um coisa boa: não tivéssemos tantos pobres e se a pobreza não estivesse tão perto da miséria, quem sabe esta imensa massa, tranquila e alimentada, pudesse recostar-se na sesta e pensar em filigranas ideológicas sobre este “populismo alimentar” de sugerir que as pessoas comam todos os dias.

Outros desta turma destacam que o empresariado “teme” Lula. Qual é a base fática de tal atitude? Acaso os oito anos de Lula no poder foram de quebradeira empresarial, foram de empobrecimento dos empreendedores? Ao contrário, todos ganharam muito dinheiro, inclusive os financistas?

A elite intelectual deste país deveria esta cobrando uma mudança de postura de seus empresários, não do candidato.

Onde, porém, estão os colunistas da mídia verberando contra o fato de que metade dos empresários brasileiros, segundo o Datafolha, esteja apoiando um presidente que nos mergulha cada vez mais na crise, na recessão, que nos faz ridículos nos foros mundiais e sugere resolver problemas na base do “ripar todo mundo”?

Aliás, os aplausos na Fiesp a esta bravata é a prova de que os dados do Datafolha, neste segmento, corresponde à realidade.

O empresariado brasileiro pode explicar porque avalia bem e apoia um governo que é uma desgraça para dois terços do seu povo.

Não é isso o que mostra a pesquisa? Enquanto 65% do total acham que Bolsonaro “trata mal do país”, entre os empresários é o inverso: 54% dizem que ele “trata bem” o Brasil e os brasileiros.

Talvez porque pensem que é assim que os brasileiros devam ser tratados, com fome e privação.

 

 

 

 

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