Brizola não é uma estátua. Brizola é um movimento que não vai parar senão quando o Brasil for livre

briza

Hoje, Brizola faria 92 anos. Em junho, serão dez anos de sua morte.

Em Porto Alegre, inaugurou-se uma estátua do velho Briza.

Bonita homenagem, devida ao sucessor da linhagem de Getúlio e Jango que se pariu nas entranhas da terra e do povo.

Eu, que vivi metade de minha vida adulta ao seu lado, de 1982 ao seu último dia em 2004,  prefiro lembrar do Brizola em movimento.

E de uma “maldade” que lhe fiz.

Brizola, quem conviveu com ele sabe, era um homem austero.

Frequentemente, sovina.

Em 2001, comemoravam-se os 40 anos do movimento da Legalidade,  que evitou a ruptura da democracia e adiou por três anos, quase, a implantação da ditadura de 64.

Eu resolvi fazer um vídeo sobre aquela página heroica da nossa história.

Brizola não quis gastar o dinheiro do PDT.

Brito, a RBS (afiliada da Globo no RS) está fazendo um documentário – e estava mesmo, dirigido pelo talentosíssimo Beto Almeida, do belo Neto perde a sua Alma, com a maior cena épica do cinema  brasileiro, a da Batalha do Seival, na Revolução Farroupilha – e você não vai conseguir fazer uma coisa nem perto da Globo”.

Não sei se fiz, porque foram coisas diferentes: o filme de Beto trazia muitas reminiscências dos  que viveram aqueles dias, num bom trabalho que tive o prazer de ajudar, até porque uma produtora do filme era uma querida amiga dos tempos de faculdade, emigrada para as plagas gaúchas.

Mas teimei e fiz.

Escolhi outro caminho, o de situar o fato e, depois, mergulhar dentro dele.

Não era recordação, era tudo ocorrendo, de novo.

E não poderia ter melhor recompensa pelo trabalho insano  – que só foi possível com a ajuda de amigos, sobretudo os atores Paulo Cesar Peréio, um militante da Legalidade, e do brizolista incorrigível Antonio Pedro, que o narram – não tive orçamento para quase nada – que ver o meu (agora, mais velho, já posso chamá-lo assim) companheiro deixar escorrer dos olhos as aguadas de seu Rio Grande.

Como, na época, foi realizado para integrar o programa político do meu saudoso PDT, e justamente no momento em que os EUA atacavam o indefeso Iraque, o que explico para que entendam o que foi acrescentado ao início e ao fim.

Tomo a liberdade, em homenagem a Brizola, com quem aprendi que nossa caminhada não há de parar senão quando este país for livre e seu povo feliz, de pedir ao leitor que assista os dois vídeos abaixo.

Depois deles, tal como eu me senti, acho que todos nos sentimos mais brasileiros.

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17 respostas

  1. Parabéns Fernando,

    O documentário é muito esclarecedor. Excelente trabalho de resgate histórico.

  2. Emocionante! Eu tinha 10 anos e estudava inglês no edifício União, onde havia um estúdio da rádio Guaíba. Lembro das barricadas e do arame farpado ao longo da avenida Borges de Medeiros nessa época. Brizola foi o nosso Comandante “Chê”.

  3. Muito bom, Fernando Brito, para quem viveu este tempo e votou contra o parlamentarismo (meu primeiro voto) faz bem relembrar e reafirmar valores.

  4. Tenho saudades de verdade, do grande democrata e herói do povo brasileiro!
    Leonel de Moura Brizola!
    Conheci Brizola em BH – Minas, em 1982.
    Estava com pouco mais de 23/24 anos.
    Hoje sou petista!
    Fui fundador do PDT em minha cidade, Lavras – MG, junto com um grande Jornalista e democrata, Pedro Coimbra, do sítio atual, Lavras 24 horas.
    Esse PDT, que hoje está entregue nas mãos da direita mais reacionária, da direita que se Brizola fosse vivo o condenaria a forca, a tortura.
    O que faltou ao PDT na época (ao grande e antigo PTB) a direção da foi a força da juventude, ou simplesmente entender a revolta da juventude naqueles anos.
    Hoje, com meus 55 anos, tenho orgulhosamente, uma foto ao lado do maior democratas que conheci na minha vida!
    O maior nacionalista de todos os tempos no Brasil!
    O maior dos brasileiros.
    LEONEL DE MORA BRIZOLA!

  5. Brizola faria 92 anos e não 94, Fernando Brito.
    Aliás, aonde foi parar o vídeo ”Homenagem a Brizola”(ou algo assim), que sumiu do You Tube? Além de emocionantes imagens – como a daquela senhora chorando na janela do prédio na Rua Paissandu durante a passagem do corpo do grande líder, trazia o melhor jingle das campanhas do Leonel na voz do Jamelão:”Brizola é a força do povo…”.
    E daqui a 5 meses serão 10 anos sem o Brizola. Tempo demais.

  6. Brizola, conseguiu milagrosamente atravessar esse cipoal(como ele dizia) de vassalos da safadeza, e deixar uma esperanca pra todos nos.

  7. Não foi da minha época. Nasci em 1967, mas, daqui de Pernambuco, sempre fui seu eleitor nas candidaturas à Presidência da República. Talvez por sentir que ele era um dos que amavam verdadeiramente esta nação.

  8. Que saudade de Erebango, do Rio Grande, do velho PTB, do Brizola e de um tempo em que esquerda e direita eram conceitos vividos no dia a dia e na luta contra a UDN e o PSD… quão distantes estamos disso!!
    Que Brizola permaneça como um testemunho de que o socialismo é não só possível mas, acima de tudo indispensável para o triunfo da civilização sobre a barbárie.

  9. Tive a honra de ser fiscal de partido (PDT) em Volta Redonda (RJ) na eleição de Brizola para governador do Rio em 1982.
    Vivemos em seguida os dias de angustia na famosa apuração “Caso Proconsult” até a vitória final.
    A partir dali, foi a campanha de difamação GLOBO, mas aí é outra história…

    1. Certamente por ter sido derrotado no tapetao da Proconsult, o Globo batia pesado no Brizola. Cada edição do jornal vinha com algum tipo de crítica forte, seja às ações do governo, aos Cieps, ao estilo dele governar, à pessoa, aos membros do governo, à tudo. Pelo trabalho difamatório constante do Globo até hoje aqui no Rio ainda tem quem culpe Brizola pelo crescimento do tráfico de drogas nas favelas cariocas.

  10. Interessante observar que a guerra é a mesma até hoje . O mais difícil é acreditar que o Brasil ainda não consegue , ao tentar impor um projeto soberano de Nação , arrebentar com essa máquina de propaganda que funciona contra o país , capitaneada pela Globo. Até quando ? Quando não houver mais pessoas da estatura de um Brizola ?
    Temo que um dia , de fato , o último bonde da História passe .

  11. Aécio Neves tem de onde puxar o mau caratismo.
    O episódio do parlamentarismo foi a primeira grande traição à democracia que o ambicioso Tancredo cometeu. A segunda deu-se no movimento das Diretas Já, que só nas aparências comandava juntamente com Ulisses Guimarães. Mas, por trás dos panos, já havia combinado com o Congresso para que este não deixasse passar o projeto popular, pois, como todo mundo, sabia perfeitamente que naquela ocasião quem teria ganho as eleições diretas para a Presidência da República seria justamente Leonel Brizola.
    Como que castigado por suas traições ao povo brasileiro, nunca chegou a tomar posse. O inferno é aqui mesmo.

  12. Eu tinha 18 anos. Vivi tudo aquilo. Sou nascido em P.Alegre e vivenciei ao extraordinário apoio dos gauchos ao Grande Briza…..

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