O governo comemora a queda do dólar e diz que trabalha para que a cotação do dólar chegue a R$ 4,50 em abril deste ano, ajudando a inflação não suba mais ainda e, claro, assim se eleve a pressão política num ano eleitoral.
O mecanismo nada tem a ver com aquela conversa – agora esquecida – de “fundamentos da economia”. Parece-se mais com as famosas “correntes” . com a entrada volumosa de capitais estrangeiros, captados a juros baixos e que, aplicados aqui, recebem juros altos (bem acima da inflação projetada) em reais e que, mantido o real apreciado em relação às moedas estrangeiras, capazes de comprar ainda mais dólares que aqueles que ingressaram.
Evidente que isso, como as “correntes” funcional por certo tempo e, em geral, até o momento em que alguém decide realizar o lucro ou, por condições que mudam, colocar em outra cesta o que se aplicou aqui.
Alguma hora, e parece que não distante, cessará o equilíbrio que nos dava um câmbio excessivamente alto – fruto de incertezas políticas – e a entrada maior de dólares via exportação de commodities.
Há dois fatores mais ou menos previsíveis para que esta hora chegue: a elevação dos juros norte-americanos, mais anunciadas do que executadas pelo Federal Reserve (que prevê sete altas este ano) e a queda na inflação dos EUA, que acentua o viés negativo das taxas reais dos títulos dos EUA, no curto prazo.
O dólar caiu 13% desde o início do ano, Mas seus reflexos nos preços internos nem de longe é suficiente para conter altas de preço: no mesmo período, a soja aumentou 29%, o milho, 27%, o trigo que importamos, 48%, para ficar em alguns exemplos. E, claro, o petróleo, que voltou à casa de 120 dólares por barril.
Não existe mágica em economia, como não existe viabilidade em “correntes” financeiras.
Quem acredita em prosperidade sem investimento, apenas com especulação, deveria olhar bem para aquele “faraó do bitcoin”.