Cantareira em estado gravíssimo, mas reservatórios de hidrelétricas voltam ao nível do início do mês

cantareira

Uma boa e uma má notícia sobre a estiagem, dada de forma detalhada e não escandalosa, como nossa imprensa trata o assunto, mais preocupada em fazer política com o clima do que em informar, em detalhes, o que está se passando.

As chuvas do final de semana passada provocaram um alívio significativo na situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, como o Tijolaço –  com os dados divulgados pela meteorologista Josélia Pegorin, do Climatempo – havia antecipado aqui, enquanto os jornais agitavam manchetes de que o caos do sistema elétrico estava próximo.

O nível dos reservatórios do Sudeste saiu de 34,6% no dia 1° para 35,5% ontem.

Mais importante que isso é que a água que chega às represas é em muito maior quantidade do que a que sai.

Comparando ontem, domingo, com o mesmo dia do mês em fevereiro , a diferença é muito mais significativa que o enchimento – sempre lento – das barragens.

Ontem chegou, em água, o suficiente para gerar 40,5 mil Megawatt em média, em 24 horas, para uma geração que foi de 17,3 mil MWmed/dia.

Mais que o dobro, portanto. Claro que hoje, dia de semana, não será assim, deve ficar pelos mesmos 40 mil contra uma saída de 21-22 mil MWmed/dia. Uma grande sobre, portanto.

Como estávamos antes, em 9 de fevereiro (também um domingo, o que evita distorção pelo consumo menor)?

Chegavam míseros 15, 2 mil  MWmed/dia em água e saíam 20,3 mil MWmed diários em energia.

Como os reservatórios do Sudeste representam  70% da capacidade de acumulação do país, isso é um resultado mais importante do que seria em outra região.

O inverso, infelizmente, está acontecendo no Sistema Cantareira, o mais importante para o abastecimento de água de São Paulo, que só entrou no noticiário há poucos dias e onde as chuvas não reduziram a dramaticidade da situação.

Mesmo com uma redução maior que a anunciada no fornecimento de água para a Grande São Paulo e a redução da quantidade de água devolvida aos rios  Piracicaba, Capivari e Jundiaí reduzida à metade ( de 6 metros cúbicos por segundo para 3,2 m³/s), a água que sai para o abastecimento e a que vai para eles soma mais de 26 m³ por segundo, mas apenas 13 m³ de água entram nas diversas represas no mesmo tempo..

Traduzindo em litros, para melhor compreensão: saem  quase 27 mil litros por segundo, entram 13 mil litros por segundo.

Cada dia de operação nestes moldes, sem novas chuvas, representa uma baixa de quase 0,3% nos reservatórios. Desde dezembro, o subsistema Jaguari-Jacareí, que é mais de 4/5 do Cantareira, vem caindo 5% ao mês. Desde primeiro de abril, ele caiu de 11,68% para 10,1%, mesmo com os temporais.

Não adianta o Governador Geraldo Alckmin dizer que não vai faltar água, porque vai.

É o que está evidente nos próprios documentos da Sabesp.

Ele deveria, ao contrário, estar acentuando isso, para obter maior colaboração da população para a economia.

O que o gráfico lá de cima mostra é uma situação que só a mais completa irresponsabilidade pode deixar esta questão sem providências drásticas.

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6 respostas

  1. No jornal nacional da semana passada, achei curioso a notícia, algo assim:

    “A temporada de seca bate recordes. Saiba o que o Governo de SP está fazendo para evitar que a seca chegue à sua casa!”

    Ou seja, pegam a notícia ótima para destruir o PT, e a usam para mostrar serviços do PSDB!
    Não podemos negar, são competentes em fazer essa oposição, dissimuladamente (para os trouxas)!

  2. O P-i-n-ó-q-u-i-o do Alckmin, como sempre, tá mentindo! Sim, é sabido que estamos diante de uma prolongada estiagem que não poderia ser adequadamente prevista pelos institutos meteorológicos, mas já existem elementos concretos que nos permitem concluir que o forte racionamento d’água imposto a algumas regiões paulistas se deve, em grande parte, a incompetência tucana na gestão dos recursos hídricos do estado. A região metropolitana de São Paulo, sob a gestão da Sabesp, a estatal controlada pelo Governo Tucano, vem recebendo mais água que as demais regiões do estado. Quando o correto seria que esse quantitativo já devesse ter sido reduzido anteriormente para poupar esse recurso ainda disponível para todas as regiões e concessionárias, inclusive para que a capital tivesse prolongada a vida útil da água restante nos reservatórios nesse período de escassez. O governo paulista já havia sido alertado pelo Ministério Público ainda no ano passado, mas preferiu ignorar os informes do MP por questões políticas e continuar a manter a “ilusão” da maioria dos cidadãos/contribuintes/eleitores que se localizam na Capital e Região Metropolitana. Pior! Apesar das esperadas chuvas que amenizem as condições críticas, não existem indicações meteorológicas de que a situação irá normalizar os reservatórios, ou de que as precipitações irão recuperar aos níveis mínimos de segurança nos próximos meses do período úmido. Agora, os reservatórios da Cantareira atingiram 16% e se encontram em situação crítica. Mesmo assim, Alckmin se recusa a decretar um racionamento temendo o desgaste político. É por isso que a Rede Globo vem insistentemente mostrando em seus telejornais a situação de calamidade dos reservatórios já tentando criar uma “desculpa esfarrapada” para a monumental falha no gerenciamento dos recursos hídricos do estado. É simplesmente incrível a irresponsabilidade e a incompetência tucana!

  3. Pergunta para o PT, que está há 12 anos no comando do país: Quando o Brasil terá um jornal decente?

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