Caso Bolsonaro fica indefinido com pedido de vistas no STF

Empatado em dois a dois, a 2ª Turma do STF deixou em suspenso a aceitação da denúncia contra Jair Bolsonaro por prática de racismo ao dizer que os quilombolas “não prestavam nem para a reprodução”, pois o mais leve ali “pesava sete arrobas”. O ministro Alexandre de Moraes pediu vistas e empurrou por pelo menos mais uma semana o impasse.

Compreende-se que o Ministro Marco Aurélio resista em fazer o que diz ser uma violação da imunidade verbal dos parlamentares, mas há, neste caso, um componente público que não pode ser deixado de lado.

A menos que se queira voltar aos tempos de antes da Lei Caó e deixar de considerar crime a prática do racismo.

Ninguém quer que se apliquem a Bolsonaro as penas e os castigos que ele diz querer infligir aos seus adversários. Nem que deixe de ser candidato por se tornar réu, pois ser réu não cassa a cidadania de ninguém.

Mas é absolutamente indispensável que se sinalize à sociedade que tratar como  gado nossos semelhantes em razão de racismo, orientação sexual, credo religioso e outras características é inaceitável em qualquer situação e muito mais em uma sociedade como a brasileira.

Bolsonaro é uma metralhadora a cuspir projéteis de estupidez, em boa parte nascida da obra de um Justiça que quis se projetar pela truculência com que passou a agir.

Estamos assistindo parte do caudal de insatisfação da classe média se voltar não contra os responsáveis pelo declínio do Brasil, mas contra as maiores vítimas deste processo: os negros, os pobres, os nordestinos, e todos que, nas palavras toscas de Bolsonaro, têm o “defeito da procriação”.

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5 respostas

  1. É como você disse, Brito. Ele não ficará inelegível nem nada, mas é necessário aplicar alguma pena que sinalize o crime e sirva de norte. O que não pode é esse sujeito ser balizador de comportamento da sociedade. Imagino, por exemplo, “valentões” achando que tem salvo conduto pra bater em mulher, caso esse escroque seja presidente. Cruz credo!

  2. Concordo com o ministro Marco Aurélio. Se a liberdade de expressão para o cidadão comum já deve ser ampla, para um parlamentar essa liberdade deve ser ainda mais ampla. Vou ser claro: um parlamentar deve poder dizer coisas que são vedadas ao cidadão comum. Ele está lá para isso. Para poder falar. Vocalizar os anseios da sociedade, publicáveis ou não. Essa é a própria essência do trabalho de um parlamentar.

  3. Muita gente está pensando que o candidato do golpe agora é o Bolsonaro. Não é verdade. Continua a ser o Alckmin. Mas para que ele seja presidente, é fundamental tirar o PT da eleição ainda no primeiro turno. Não há hipótese do golpe sair vitorioso se o PT for ao segundo turno, e o setor majoritário do Golpe quer que o presidente venha a ser o Alckmin, não o Bolsonaro. Bolsonaro que bateu na Globo é bom para que ocupe o lugar de enfrentador dos poderosos da mídia, impressionando gente frustrada da classe média, mas no povão Bolsonaro perdeu votos com o debate global. O povão não gostou de sua “ignorância” (rudeza) com o Bonner e a Renatinha. Nem da maneira como tratou os homossexuais, que o povão já incorporou a seu cotidiano com a maior naturalidade, sem qualquer preconceito pequeno-burguês. Porém, (ai, porém…) se o Alckmin for ao segundo turno com o Bolsonaro, seu insosso chuchu passará a ser uma horta colorida. Hoje sem qualquer bandeira, ele então empunhará a mais forte bandeira de todas: a de salvador do Brasil do perigo fascista. Isso será fácil com a mídia e a legião jurídica atuando a seu favor. Alckmin não só terá o reconhecimento dos esquerdinhas sem noção, como terá reconhecimento internacional. Será o Pacificador. Mas para tudo isso, é preciso impedir que o PT concorra às eleições, ou ter certeza de que concorrerá perdendo. Como é quase impossível que o PT venha a perder, então só há um jeito de tirá-lo da corrida eleitoral: impedindo sua participação, através de algum artifício engendrado no campo jurídico. Para isso já está de prontidão a legião jurídica do golpe.

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